- Gênero: Comédia
- Direção: John Hamburg
- Roteiro: John Hamburg
- Elenco: Kevin Hart, Mark Wahlberg, Regina Hall, Che Tafari, Amentii Sledge, Diane Delano, Andrew Santino, Naomi Ekperigin, John Amos, Anna Maria Horsford, Jimmy O. Yang, Shira Gross, Seal
- Duração: 101 minutos
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Há filmes que se localizam no limite da insignificância. São produções que têm até alguma ideia por trás, um pano de fundo e um objetivo, mas não vão muito além de ser um tempo gasto a troco de nada. É o caso de De Férias da Família, comédia disponível na Netflix com Kevin Hart e Mark Wahlberg sobre um dono de casa que resolve tirar uns dias para dar um tempo da rotina, descansar e se reconectar consigo mesmo.
O longa tenta, de maneira bem intencionada, demonstrar o machismo que existe e faz isso na figura de Sonny, esse cara que escolheu cuidar das crianças enquanto a esposa, Maya, uma arquiteta de sucesso, se dedica à profissão. Para além do exagero incômodo em diversas situações e definições de personagens em nome do humor, há uma quantidade enorme de clichês absurdos que transformam o filme em uma peça ultrapassada e, claro, o esquisito tratamento de grande surpresa por um homem cumprir um papel socialmente delegado às mulheres.
O roteiro de John Hamburg (Eu Te Amo, Cara), que também assina a direção, não satisfeito com isso, busca uma contraposição com a vida não-familiar desastrada e equivocada do melhor amigo do protagonista, Huck, um quarentão que só quer saber de curtir adoidado e com quem Sonny achou melhor não conviver mais. A ideia do longa é fazer com que essas duas realidades se encontrem nas tais férias do título, mas o que acontece é que De Férias da Família fica perdido entre ser um filme de família e um bromance sem nunca ser suficiente em nenhum dos dois.
Com poucas cenas realmente divertidas, o filme não consegue encontrar uma cadência. As sequências de diálogos que poderiam render alguma coisa são interrompidas por passagens nada interessantes, há um apego à escatologia que remete ao mais bobo do humor e que o diretor deveria ter superado há uns 20 anos (quem sabe quando fez Quem Vai Ficar com Polly), e a banalização dos personagens coadjuvantes é suprema. Sem falar que tudo é tão fora do tempo e ultrapassado como o personagem de Wahlberg, aquele o próprio filme usa como um dos pontos de crítica.
Na contramão, está um elenco que tem um certo carisma e em quem o filme se apoia para prosseguir de alguma maneira. Ainda que seja possível perceber que Wahlberg e Hart nem sempre estejam confortáveis, este último tem um talento natural e consegue arrancar um sorriso aqui e ali. Regina Hall, Che Tafari, Naomi Ekperigin e John Amos também estão ali para ajudar a suportar a difícil jornada até o final de De Férias com a Família.
O que se vê está entre o equivocado e o tolo, e a trilha é muito previsível. Aquilo que existe de diferente, que surge de repente, é forçado e exagera além da conta. Para piorar, falta humor. É difícil até para aqueles que não estavam esperando nada. Mesmo exercitando todo o desprendimento, fingindo estar vendo alguma coisa que foi feita há muitos anos, ignorando, obviamente, o que há de moderno e atual no título, não há como escapar do roteiro bocó, cheio de lugares-comum e sem finalidade.
Um grande momento
A puma