- Gênero: Suspense
- Direção: Kelley Kali
- Roteiro: Allyson Morgan
- Elenco: Maisie Richardson-Sellers, Shannon Woodward, Rosaline Elbay, Shein Mompremier, Kate Szekely, Jimmy Jean-Louis, Casey Ford Alexander
- Duração: 88 minutos
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Como diria Gilberto Gil, “É difícil aprender a só ser” e, em uma sociedade que prega que alguém só pode ser feliz ao lado de outra pessoa, é fácil que se sujeite a relações que fazem mal. São muitos os casos cotidianos que confirmam isso e Um Eterno Primeiro Encontro, filme de Kelley Kali, com roteiro de Allyson Morgan, não foge dessa obviedade. “É melhor estar mal acompanhada do que sozinha” diz Billie à melhor amiga repetindo o triste mantra. A história, interessante em sua confusão, parte de mais uma noite com sua ficante tóxica e um primeiro encontro com uma misteriosa mulher que parece ser o contrário disso.
Paralelamente a isso, a protagonista sofre com eventos de perda de memória, algo que parece ser hereditário, já que sua mãe teve problemas de demência precoce. As primeiras repetições e aparições surpresas vão apresentando os personagens de maneira picotada e é nessa toada de suspense psicológico, onde as coisas não se estabelecem de maneira muito clara e nem as situações se apresentam por inteiro, que o longa desperta a curiosidade de quem o acompanha.
Embora Kali, codiretora e protagonista do bom I’m Fine (Thanks For Asking), tenha uma ideia bem definida daquilo que quer fazer, nem sempre suas opções estéticas funcionam como deveriam e o exagero atrapalha o conjunto. Há uma instabilidade entre o simples e o excessivo, além das atuações irregulares, por mais que as atrizes principais Maisie Richardson-Sellers (A Barraca do Beijo 2) e Shannon Woodward (Cara Gente Branca) tentem acertar o tom e façam aquilo que é possível com o que têm disponível.
Os recomeços e muitas intervenções para ilustrar a relação de Billie e Alex, e a necessidade de mostrar que o espectador sabe mais que a personagem passam da conta, assim como as explicações muletas que acabam tornando-se necessárias. Isso porque Um Eterno Primeiro Encontro vai se complicando e se perdendo em si mesmo, inventando caminhos e possibilidades de desfecho que não consegue alcançar satisfatoriamente.
Não bastasse a complexidade da relação e toda a dúvida que surge com a possibilidade médica, a trama trata de maneira muito superficial as consequências com personagens satélites e ainda vai buscar paradoxos temporais e rituais haitianos para se justificar, criando outras pontas e necessidades de elucidações que nem sempre são dadas. O que poderia não ser um problema, mas aqui é.
Assim, o filme se afasta daquilo que era mais interessante, a alegoria dessa busca eterna e obsessiva por alguém e pela relação perfeita, aqui levada a extremos. A atenção acaba voltada àquele suspense inicial, que se mantem mais pelo potencial intrigante do que pelo modo com que é conduzido e por como as peças vão sendo entregues aos espectadores. Esvaziado, Um Eterno Primeiro Encontro chega a um final frustrante.
Um grande momento
“Você fez de novo”