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Ó Paí, Ó 2

Mais dendê

(Ó Paí, Ó 2, BRA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Viviane Ferreira
  • Roteiro: Viviane Ferreira, Elísio Lopes, Daniel Arcades, Igor Verde
  • Elenco: Lázaro Ramos, Luciana Souza, Tânia Toko, Érico Brás, Dira Paes, Lyu Arisson, Valdinéia Soriano, Edvana Carvalho, Rejane Maia, Vinicius Nascimento, Luis Miranda
  • Duração: 88 minutos

Parece que foi ontem, mas já fazem 16 anos que o primeiro Ó Paí, Ó foi lançado nos cinemas. Adaptação de uma peça de imenso sucesso em Salvador montada pelo Bando de Teatro Olodum, o filme foi um acontecimento cultural naquele 2007, mobilizou cinemas na Bahia, e acabou se tornando um marco importante de reconhecimento ao longo dos anos anteriores. Não foi necessariamente um imenso sucesso de bilheteria, apesar de ter ficado entre os mais assistidos do ano, mas o tempo foi generoso com a produção dirigida por Monique Gardenberg, que trouxe à tona nomes que nunca mais sairiam da nosso cinematografia, como Érico Brás e Luciana Souza. Apesar da ideia já existir há bastante tempo, só agora Ó Paí, Ó 2 estreia nos cinemas, para alegria dos fãs. 

A direção agora foi assumida por Viviane Ferreira, de Um Dia com Jerusa, que também assina o roteiro ao lado de Elísio Lopes, Daniel Arcades e Igor Verde, mas de novo todo o grupo de atores retorna para colocar suas marcas em diálogos, através da vivência local que lhes garante autoridade. Estão basicamente todos de volta, a começar por Lázaro Ramos e Dira Paes, que já eram enormes àquela altura e agora nem tem mais tamanho. Assim como o primeiro, Ó Paí, Ó 2 deve ser menos visto como um filme de narrativa tradicional e mais como uma celebração, um grande encontro entre amigos e agitadores para homenagear a arte, a cultura, o legado e as manhas de ser soteropolitano. Logo, se o leitor estranha a forma apresentada pelo primeiro, quase um compilado de esquetes por onde passa um fio de trama, é bom saber que isso foi mantido. 

Essa é uma lógica que vem do espetáculo teatral, de colocar todos no centro da narrativa e não tentar diminuir a importância de qualquer um em cena. Não é a maneira mais coesa de contar uma história e sim, muitas tramas parecem soltas no vento e sua estrutura não consegue assimilar, mas ao longo dos anos, o primeiro ensinou aos seus apreciadores que existia sim uma magia acontecendo ali, naquela prosódia, naqueles gestos, nos olhares que lançavam sobre nós. Daquele lado de lá, eles são a absoluta e esmagadora maioria, que trata de construir um universo para si que antes ninguém ousou fazer no cinema. Não tem muito como cobrar formato a quem se recusa a vestir uma capa pré-determinada, pelo cinema ou pelo que a branquitude decidiu; esse é o espírito de Ó Paí, Ó 2.

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A montagem de Natara Ney e Guta Pacheco privilegia o movimento ininterrupto. Não apenas no sentido óbvio, pensando nos corpos e na ginga, mas no que é definido pelo balé das próprias imagens. São entradas e saídas de cena, em maior ou menor conexão com o que está sendo contado no exato momento, mas que constituem sua cadência evolutiva. São inúmeras narrativas que, unidas, formam uma salada cultural baiana repleta de temperos. Nessa edição, é acrescido um componente que não estava presente no longa anterior, que é um banzo representado pela perda. A personagem de Luciana Souza sofre o maior de todos os traumas no fim do primeiro filme, e esses elementos chegam em Ó Paí, Ó 2 para motivar novas perspectivas de realidade. 

O elenco do filme é um caso à parte, porque assistir a essa seleção em campo não é pra todo dia. Luciana Souza continua arrebentando, a Neusão de Tânia Toko ainda é um destaque, Edvana Carvalho e Valdinéia Soriano são inspiradoras, e eu confesso que tenho um carinho gigante pela Baiana de Rejane Maia, mas a verdade é que o elenco funciona todo muito bem em conjunto, como no primeiro. É graças a esse grupo de profissionais que Ó Paí, Ó 2 mantém a coerência de suas escolhas, e funciona como um relógio, porque é na conta dessas pessoas que colocamos nossa confiança e afeto. A ideia do reencontro com um grupo que parece de amigos, de maneira reconfortante e calorosa, é o entendimento a respeito do que acontece nesse trabalho, e que precisa ser comprado com seus prós e contras para funcionar. 

Existe um fator que contribuiu para o sucesso do primeiro e que precisa ser aplicado aqui, mas não é uma ideia do qual se cobre hoje. Ó Paí, Ó não apenas sobreviveu ao teste do tempo, como venceu essa barreira crescendo em tamanhos inimagináveis, de quando visto para o futuro. O mesmo conceito precisa ser observado em Ó Paí, Ó 2, para que tudo que foi apurado também possa agir aqui. Ainda que eu acredite que de fato há menos inspiração no novo filme, que as esquetes anteriores funcionavam mais e melhor, ainda guardamos uma simpatia inegável pelo projeto, porque pulsa dele um pensamento vibrante de lugar, de voz, de calor humano que é muito raro de alcançar – e que nesse caso específico, é necessário e a representação deles melhora todos nós. 

Um grande momento

Encontrando Neusão

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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3 Comentários
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João
João
27/11/2023 21:44

Filme horrível ! Se pudesse pegava o dinheiro de volta.

Sergio
Sergio
26/11/2023 08:48

Gênero comédia? Mas que tipo de piada vão contar e fazer o pessoal rir, se hoje tem que observar o politicamente correto e a movimento woke? Comédia feita para baianos que riem depois de meia hora da piada contada. Filme classista, destinado a uma bolha específica.

Alexandre
Alexandre
25/11/2023 12:11

Uma porcaria.

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