- Gênero: Animação
- Direção: Alexandra Myotte, Jean-Sébastien Hamel
- Roteiro: Alexandra Myotte, Jean-Sébastien Hamel
- Elenco: A calma do final de Un trou dans la poitrine, tão diferente de seu frenético começo, é a aceitação. Dolorosa, triste, mas fundamental
- Duração: 11 minutos
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Com uma animação que vai se transformando de maneira frenética, em Un trou dans la poitrine (A Crab in the Pool) acompanhamos a jornada dolorosa de dois irmãos sem saber muito bem onde ela chegará. São gaivotas que brigam por comida, o assédio de um menino adolescente e um livro de colorir de mitologia grega que transforma a realidade em seres clássicos num mergulho sem pausa. O passeio na cidade leva até uma piscina coletiva onde o passado e presente se encontram. Lá, as cores ainda não existem e a imaginação perde sua potência. Lá o caminho se encerra.
Com traços simples e cores vibrantes, o diretora Alexandra Myotte e o diretor Jean-Sébastien Hamel conseguem falar da infância e da adolescência e de uma dor que essa fase não está preparada para enfrentar, de uma perda que é difícil de compreender. O roteiro em forma de espiral consegue captar a confusão de sentimentos na pele da jovem protagonista que transfere para seu corpo aquilo que ela acabar de presenciar fora dele, numa relação de incompreensão e raiva.
Os sentimentos dela não são iguais aos do pequeno irmão que se esconde na imaginação. Em sua fuga, busca o que restou daquilo que não mais existe, se agarrando naquele que foi o último presente, a última lembrança. Buscando memórias e vivendo lembranças fantásticas, mas que se perdem em algum momento. O modo como a animação transforma a realidade em devaneio é fluido, assim como transita em universos da dor, causando no espectador sentimentos de angústia e desejo de acolhimento.
Quando a espiral chega a seu final, as linhas se encontram; quando as outras pessoas desaparecem e os momentos se casam em um só instante, o respiro chega doloroso. O conforto momentâneo é seguido pelo vazio, mas também pela comunhão, por uma dor compartilhada. A calma do final de Un trou dans la poitrine, tão diferente de seu frenético começo, é a aceitação. Dolorosa, triste, mas fundamental para o início de duas vidas que precisam seguir em frente.
Um grande momento
O abraço