- Gênero: Comédia, Romance
- Direção: Meg Ryan
- Roteiro: Steven Dietz, Kirk Lynn, Meg Ryan
- Elenco: Meg Ryan, David Duchovny
- Duração: 103 minutos
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Era 1989. Harry e Sally: Feitos um para o Outro estreava nos cinemas, iniciando uma nova – e boa – fase das comédias românticas. O roteiro era de Nora Ephron, nome que viraria referência, e o elenco contava com Meg Ryan, outra que deixou sua marca no gênero. Os anos 1990 foram recheados de histórias de casais que se encontravam, se estranhavam, se conectavam, se desconectavam e chegavam ao mesmo lugar, às vezes não nessa ordem, mas quase sempre seguindo o mesmo padrão. O tempo passou, o mundo mudou, as pessoas envelheceram, e a comédia romântica não é mais o que era antes, mas muito ficou.
Eis que Ryan, depois de tudo, resolveu trazer a experiência para o presente. O Que Acontece Depois é dirigido por ela e é uma declarada homenagem a Ephron, que além de roteirizar Harry e Sally, também dirigiu a atriz em Sintonia de Amor e Mensagem para Você. O longa já entrega sua intenção no título e conta a história de um ex-casal da faculdade que se encontra por acaso em um lugar icônico: um aeroporto. No caso, ambos estão presos àquele espaço por conta de uma nevasca. Acumulando funções, Ryan divide a cena com David Duchovny; eles são Willa e Bill e têm no passado uma história de paixão intensa e avassaladora, marcada por desencontros. Trazem em sua bagagem as desventuras da vida real e do cotidiano, que acabaram moldando suas personalidades e definindo seus caminhos.
A peça Shooting Star, de Steven Dietz, é a base para a história, adaptada pelo próprio autor, por Kirk Lynn e, claro, por Ryan. A influência teatral é bem evidente, e os diálogos dominam a narrativa. Alguns momentos mais silenciosos, que se lembram de aproveitar planos e tempos, são divertidos, como a tentativa infrutífera da protagonista de não ser vista. Outros exageram demais nas possibilidades, transcendendo o bom gosto. Entre muitos deslizes e alguns acertos, fica evidente a intenção de encontrar o caminho das obras da homenageada. Pode-se dizer que o longa consegue chegar ao primeiro e mais importante ponto, acertando na identificação. Muito do que Willa e Bill falam reverbera de alguma maneira na audiência, seja em memória vivida ou desejada.
O Que Acontece Depois tem ainda a seu favor a nostalgia de um dos subgêneros mais queridos do cinema, representado por uma mulher que foi um de seus maiores símbolos. Sem falar naquela curiosidade sobre o “depois”, sempre tão benéfica a qualquer história contada (e não se fala aqui de franquias, prequels ou continuações, mas do interesse natural pelo desdobramento de sentenças finais, como “e foram felizes para sempre” ou “o adeus”). Algo que a diretora tem consciência que pode ser explorado.
Porém, mesmo havendo motivos para se envolver com o que acontece em tela e toda a aura que emana do filme, o descompasso é evidente, assim como a falta de coerência no conjunto narrativo. O longa se perde muitas vezes por caminhos pouco interessantes e desenvolve superficialmente o que deveria receber mais atenção. A pouca química entre os dois atores também não ajuda muito e reforça a impressão de que tudo na obra é mais demorado, cansativo e exagerado do que precisava ser.
É uma pena, mas falta muito a O Que Acontece Depois. Inegavelmente, Meg Ryan, dirige melhor esse seu segundo filme, o primeiro em um ambiente onde transita com mais familiaridade do que em sua estreia atrás das câmeras, com o drama Ithaca. Mas ainda falta muito. Quem sabe na próxima.
Um grande momento
Tentando não se encontrar