(À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente, BRA, 2020)
- Gênero: Documentário
- Direção: Bruna Barros, Bruna Castro
- Roteiro: Bruna Barros, Bruna Castro
- Elenco: Bruna Barros, Bruna Castro
- Duração: 13 minutos
Direção, fotografia, som e montagem de Bruna Barros e Bruna Castro são o todo de um filme pessoal e intransferível. As realizadoras lésbicas somam extratos de suas vidas, atravessados pela vivência com as mães.
“Mainha qual é a graça?”
Bruna e Bruna se filmam e dirigem, relembram onde estavam no fatídico outubro de 2018, perguntando as mães o que pensam de si e delas. Entre descobertas de pintinhas nos corpos afetuosamente filmados, moquecas repletas de amor, cheiros e memórias ativadas pela água do mar encostando no pé ou uma ida ao manguezal permeiam a colagem encantadora que é “À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente”.
Mesmo na saturação do estilo – no caso, a autoficção – a honestidade e maneira com que Bruna e Bruna inferem sobre a própria vida e a constância da cumplicidade, a experiência de serem filhas de mulheres criadas dentro do patriarcado mas que ainda assim, as amam, faz diferença em meio a tantos filmes que são vazios.
“Minha filha é muito inteligente, puxou isso de mim. Ela é muito queira, puxou isso do pai. Minha filha é sapatona, anda por aí com roupas largas… Eu achava que era para se esconder, mas ela diz que é pra se mostrar”, o depoimento em forma de poema de Bruna Barros encerra o ciclo ruidoso das lembranças, do gostar e do sonhar. Super apoiado no off dela e de Bruna Castro, o filme se embebe de experiências audiovisuais outras como Viajo porque preciso volto porque te amo mas é um outro modo de significar a potência das imagens e da narrativa sobre se conhecer. Feito por e a partir de duas mulheres se amam, aponta que o matriarcado se fortalece porque o afeto é o feitiço das netas das bruxas que foram queimadas nas fogueiras. E á beira do mar mainha soprou gente motiva a pensar mais formas de criar fora da caixa, transgredindo sentidos e sendo.
Um grande momento:
Plano final do carrossel do amor sapatônico.