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A Escolha

(Võta või jäta, EST, 2018)

  • Gênero: Drama
  • Direção: Liina Trishkina
  • Roteiro: Liina Trishkina
  • Elenco: Reimo Sagor, Nora Altrov, Emily Viikman, Liis Lass, Epp Eespäev, Egon Nuter, Viire Valdma
  • Duração: 102 minutos
  • Nota:

Um trabalhador em uma obra sai para beber uma cerveja com os colegas, arruma uma briga e vai receber o salário todo machucado no dia seguinte. Nada que já não vimos 739 vezes antes. É quando A Escolha nos pega no contrapé. São dicas importantes sobre a persona, mas o caminho que vai se estabelecer é completamente outro.

Filmado com cara da nova tradição franco-belga de aproximação com o personagem, o longa estoniano – inclusive indicado pelo país para concorrer a uma vaga de melhor filme internacional no Oscar – traz uma saudável discussão sobre o desapego e a reconstrução. 

A Escolha

Ao inverter papéis tradicionalmente ocupados, talvez reforçando demais o estranhamento, consegue alcançar uma realidade que não é percebida pela maioria das pessoas. A escolha de Erik vem marcada por uma renúncia que nem sempre – ou melhor, quase nunca – é opcional para as mulheres. Como estabelecido para o patriarcado, sua existência já vem atrelada ao renunciar. 

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Quando a diretora Liina Trishkina causa essa primeira ruptura, construindo quadros literais da reação inesperada, abre toda uma possibilidade de questionamentos e ponderações. Tudo é feito com muita delicadeza, sem pressa. Podem ser várias situações intercaladas, mas a relação vai se estabelecendo aos poucos.

Reimo Sagor em A Escolha

Erik vive tudo aquilo que milhares de mulheres vivem ao redor do mundo, mas se adapta, assim como elas. Ele não aceita interferências, tem que adaptar sua rotina para ter Mai sempre ao seu lado, perde a cabeça, faz merda. Nada que seja muito diferente da chegada de uma criança. 

Se é muito bom ver a construção daquela relação e o surgir desse novo homem, há uma certa frustração com o terço final de A Escolha. O roteiro da própria diretora busca o caminho previsível e, ao se apegar ao óbvio, aqui mal estabelecido, ela rompe a dinâmica, só recuperando-a nas últimas cenas.

A Escolha

Ainda assim, A Escolha é um filme que vale ser conhecido, seja pelo capricho na execução como pela análise contextual. Em um mundo onde as opções devem ser de todos, é preciso ver e rever outras possibilidades. 

Um Grande Momento
O remorso pós descontrole.

Ver “A Escolha” no Cinema Virtual

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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