(Spy, EUA, 2015)
Direção: Paul Feig
Elenco: Melissa McCarthy, Rose Byrne, Jason Statham, Miranda Hart, Jude Law, Allison Janney, Bobby Cannavale, Raad Rawi
Roteiro: Paul Feig
Duração: 119 min.
Nota: 7
Um dos gêneros mais estabelecidos do cinema, a comédia tem provocado risadas em diversas gerações ao longo dos anos. Porém, com o passar do tempo e a sempre presente força do dinheiro, vários filmes se renderam a modelos pré-determinados e mais facilmente vendáveis, o que, além de empobrecer a experiência do espectador, saturou de certa forma o gênero.
É por isso que quando um novo nome surge, fazendo novamente rir, as atenções voltam-se para ele. Foi o que aconteceu com Paul Feig. O diretor e roteirista estadunidense começou a carreira atuando em comédias menos conhecidas e se destacou ao criar o universo do seriado Freaks & Geeks, no final dos anos 90. Na direção, ele tem no currículo alguns episódios de outros seriados cômicos, como Arrested Development, Nurse Jackie e The Office (versão americana).
A intimidade com o humor, demonstrada na televisão, foi trazida pelo diretor para o cinema. Depois da experiência com o infanto-juvenil Menores Desacompanhados, onde crianças ficam presas em um aeroporto durante o Natal, Feig percebeu sua facilidade em lidar com tramas que envolvam grupos. E foi justamente neste caminho que conseguiu inovar no gênero, com o bem sucedido Missão Madrinha de Casamento.
Havia muita coisa diferente no longa-metragem. A começar pelo protagonismo, todo entregue a papéis femininos; continuando pelo roteiro inspiradíssimo e de identificação fácil, e pela qualidade do elenco escolhido, com nomes de grandes comediantes, como Kristen Wiig, Rose Byrne e Melissa McCarthy. Esta última virou uma espécie de colaboradora constante do diretor e esteve recentemente presente no menos inspirado As Bem-Armadas e agora protagoniza o divertidíssimo A Espiã Que Sabia Demais.
Mantendo a tradição de ter sua protagonista mulher, mais do que uma grande gozação com os muitos filmes de espiões que são vistos nas telonas, o longa-metragem aposta suas fichas em uma nova abordagem de um dos temas favoritos do humor politicamente incorreto: a gordura.
Enquanto a maioria dos títulos associa o excesso de peso a situações vexatórias e escatológicas, sempre com muita comida envolvida, A Espiã Que Sabia de Menos faz graça em cima da gordofobia. Susan Cooper é uma mulher gorda, que está sempre sendo desmerecida por Bradley, o espião que ajuda diariamente, e por todos aqueles com quem trabalha, com exceção de sua única amiga Nancy. Como se o fato de estar acima do peso a diminuísse para exercer suas funções de agente e até como ser humano.
Designada para uma missão de acompanhamento e relatório depois de um evento inesperado, Susan tem que superar o disfarce ridículo, a falta de equipamentos – todos rotulados de maneira humilhante – e a desconfiança de toda a agência para mostrar tudo o que estava escondido até então e ninguém nunca fez questão de ver.
Com um bom ritmo, que mescla cenas de ação com ótimas tiradas, o filme diverte quem se entrega a ele. Muito por causa do já conhecido timing cômico de Melissa McCarthy, que depois de tantos títulos, está à vontade no set de Feig, além da atriz, notoriamente, se divertir muito com tudo o que sua espiã está fazendo.
McCarthy está bem acompanhada, entre outros, por Rose Byrne, como uma mafiosa mimada; Miranda Hart, como a amiga atrapalhada, e Jude Law, como o espião bonitão e dependente de Susan. Isso sem falar na participação de Jason Statham como o agente Rick Ford, participante ativo de alguns dos momentos mais inspirados do filme.
Com a preocupação única de divertir e fazer rir, A Espiã Que Sabia de Menos é um presente para quem gosta de uma boa comédia. E funciona até mesmo para aqueles que não se entregam com muita facilidade ao humor. Até estes gargalharão em algum momento.
Um Grande Momento:
Moto com teto.
Links
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