- Gênero: Drama
- Direção: Maya Da-Rin
- Roteiro: Pedro Cesarino, Maya Da-Rin, Miguel Seabra Lopes
- Elenco: Regis Myrupu, Rosa Peixoto, Suzy Lopes, Lourinelson Vladmir
- Duração: 98 minutos
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O que define um indígena? Sua língua, suas roupas, sua música, sua dança, o ambiente em que vive? Em A Febre é o tempo que define e distingue um indígena nascido na tribo das pessoas criadas em ambiente urbano.
O filme de Maya Da-Rin traduz com perfeição e delicadeza a questão do tempo. Justino (Regis Myrupu), o protagonista, é um índio vivendo há 20 anos, em Manaus. Ele trabalha como segurança em um porto e se esforça, apesar do longo período na cidade, para se adaptar à rotina, aos costumes e às prioridades da metrópole.
Os filhos de Justino, já nascidos em meio urbano, não demonstram e, em certa medida, não entendem a dificuldade do pai de se adaptar de forma completa. Vanessa (Rosa Peixoto), a filha que mora com Justino, recém-viúvo, acabou de passar no vestibular de medicina para Universidade de Brasília e vive o dilema de partir ou ficar para acompanhar o pai, que diariamente é acometido por uma febre sem causa.
Justino só está totalmente à vontade quando recebe a visita de seu irmão e de sua cunhada, que insistem que ele volte para tribo para tratar sua febre com o pajé. Eles se entendem no olhar e compartilham memórias que os mais jovens jamais alcançarão, por mais que eles se esforcem em reportar com detalhes.
A Febre nos confronta com preconceitos, com choques de cultura tanto sociais, quanto etárias, e com o sentimento de inadequação, não pertencimento. Para Justino o tempo passa com outro ritmo, não compreendido por seus filhos, por seu trabalho, pelos médicos que o atendem. A vida deveria ter outro propósito, as funções não fazem sentido e tudo parece estar desconectado.
A sensibilidade e a profundidade com que é tratada a questão indígena emociona e nos coloca durante um pouco mais de uma hora no tempo de Justino, nos forçando a ver a realidade pelos olhos de outra cultura.
Um Grande Momento:
“Eles não sabem ler sonhos!”
[52º Festival de Brasília]