Crítica | FestivalFestival do Rio

Corações Famintos

(Hungry Hearts, ITA, 2014)

Suspense
Direção: Saverio Costanzo
Elenco: Adam Driver, Alba Rohrwacher, Roberta Maxwell
Roteiro: Marco Franzoso (romance), Saverio Costanzo
Duração: 109 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Difícil ignorar a aura indecisa/experimental de Corações Famintos. Como uma história que acaba se perdendo no meio do caminho, o filme começa muito bem – em um cena realmente sensacional – e termina meio perdido em um suspense improvisado sem muita razão de ser.

Jude e Mina se conheceram por acaso em uma situação bastante improvável. Ele, americano, e ela, italiana, acabaram se apaixonando, engravidando e casando. Quando o filho dos dois nasce, Mina assume uma personalidade extremista e psicótica. Para ela, a criança precisa ser criada com uma série de restrições, entre elas a alimentação vegana, nenhum contato com o ambiente externo e nada de sol.

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Com o tempo, Jude percebe que seu filho parou de se desenvolver e os dois começam uma disputa velada pelo controle da situação. Idas escondidas ao médico, doses de laxante e por aí vai. O clima sufocante, bastante interessante simplesmente pela situação, acaba perdendo o ritmo no exagero do diretor, que resolve pontuar as ações com uma trilha sonora carregada e apela para um andamento hitchcockiano que nada tem a ver com o que tinha sido visto até então.

Como se no meio das filmagens ele tivesse um estalo: “nossa isso aqui vai ficar bom aqui”. Bem, não fica. Assim como não cai bem a aura panfletária anti-vegana que o filme começa a assumir, mas também muda no meio do caminho. Os extremos alimentares da mulher que só come o que planta e a casa da mãe do marido cheia de troféus de caça são absurdos e, longe de causar apreensão ou darem algum motivo para pensar, trazem um humor indesejado à película.

Perdido em si mesmo, o que fica do filme são as ótimas atuações do casal central, e uma certa pena pela parte inicial, excelente, ter virado aquilo que virou. É como se fossem dois filmes diferentes em um só. Um deles é realmente muito bom, o outro é uma paródia sem graça e pouco interessante.

Um Grande Momento:
“Meu filho vomitou carne. O que você tem a dizer sobre isso?”

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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