(A Festa da Menina Morta, BRA, 2008)
Drama
Direção: Matheus Nachtergaele
Elenco: Daniel de Oliveira, Juliano Cazarré, Jackson Antunes, Dira Paes, Cássia Kiss, Paulo José, Conceição Camaroti, Edneusa Sahdo, Laureane Gomes, Francisco Mendes, Rosa Malgueta, Bitta Catão, Papaguara
Roteiro: Matheus Nachtergaele, Hilton Lacerda
Duração: 115 min.
Minha nota: 7/10
O Brasil é um país marcado pela miscigenação. Todas as etnias, religiões e culturas se misturam fazendo do nosso povo único. Mas nós nem sempre nos damos conta disso e acabamos perdendo muito de nossa própria identidade como povo.
É na exploração desta mesclada identidade que se baseia o filme do estreante na direção Matheus Nachtergaele, já muito conhecido por suas excelentes e memoráveis atuações como ator no cinema.
Todos os moradores de uma cidade amazônica se preparam para a festividade mais importante do local, a festa da menina morta, que cultua o dia em que um menino, considerado santo, encontrou os pedaços do vestido de uma menina desaparecida.
A comemoração foi baseada em uma festividade que existe de verdade no interior do Nordeste, mas é retratada de uma maneira completamente diferente, pois o filme se preocupa o tempo todo em mesclar elementos de várias religiões, como o catolicismo, o espiritismo, o candomblé e a pajelança.
Paralelamente à festa, conta a vida do santinho, venerado pela cidade e perdido em seus sentimentos mais íntimos e sua própria sexualidade, e de Tadeu, caboclo ranzinza e devastado pela comemoração do dia em que perdeu sua irmã.
Seguindo a máxima de Domingos de Oliveira, para quem todo filme deve ter o seu escândalo particular, o roteiro escancara na discussão sexual e faz um paralelo muito interessante com o papel da religião na repressão do sexo.
Nachtergaele, apesar de explicitar bem o complexo roteiro, opta por uma direção mais detalhista e visual e, junto com a direção de fotografia de Lula Carvalho, cria um universo de cores e imagens antológico.
Uma das melhores coisas do longa, sem dúvida, é a direção de atores. Para a preparação, o diretor decidiu ficar um mês com o elenco em Barcelos, a única locação do filme, ensaiando, integrando e discutindo as cenas minunciosamente. Além de nomes conhecidos no elenco, vários locais, atores ou não, participaram do filme e fizeram um excelente trabalho.
Apesar de ser sim cinema puro, com tomadas memorávies e composições maravilhosas, ainda esbarra em alguns problemas de primeira direção, como o alongamento de planos, cortes bruscos entre seqüências e o apego na hora da edição.
Mas tudo isso só vem com a experiência e não tem como não pensar que se esse é o primeiro filme de alguém, imaginem os próximos.
Merece ser visto por todos por ser uma experiência que apesar de dura é interessante e visualmente maravilhosa.
Algumas pessoas podem se cansar com o filme e outras vão ficar chocadas com o enredo.
Um Grande Momento
O confronto entre o santo e Tadeu.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Festival de Gramado: Kikito, Prêmio Especial do Júri, Escolha da Audiência, Ator (Daniel de Oliveira), Fotografia (Lula Carvalho), Trilha Sonora (Matheus Nachtergaele)
Festival do Rio: Direção, Ator (Daniel de Oliveira)
Festival Internacional de Chicago: Filme (da mostra Novos Diretores)
Links
Infelizmente Claudio Assis faz escola…
Como já é um grande ator do cinema teatro e televisão, acredito que haverá muita cobrança ou melhor, muita expectativa sobre sua carreira de diretor.
Não sabia dessa novidade vou procurar conferir. Abraço!!!
Filmasso!!!
Oi gente!!!
Robson – Eu acho que ele tem muito futuro, mas ainda tem que aprender algumas coisas do outro lado da câmera.
Kau – Olha, faz tempo que não vejo atores tão bem dirigidos. Isso é mérito dele!
Pedro e Gustavo – Pois é, anda fazendo sucesso mesmo em festivais. Vale uma conferida, com certeza!
Vinícius – Super arriscado, eu diria. A atuação de Daniel de Oliveira é fantástica, ele é demais!
Wally – É bom mesmo, mas ainda vai ser bem melhor!
Wallace – É bem polêmico e difícil mesmo, mas é bem corajoso. Segundo ele, esta é a única influência de Cláudio Assis no cinema dele.
Naschtergaele é um ótimo ator e essa sua premiada estréia na direção é aguardada por mim também com grande ansiedade. Pelo que andei lendo, é um filme difícil, polêmico, próximo do cinema do Cláudio Assis.
Reitero os dizeres do Pedro.
Então Matheus acertou. Ainda que não pareça ser “grande”, espero um bom filme. Ansioso.
Ciao!
É um tipo de cinema muito arriscado, mas parece que correspondeu às expectativas. Além da direção do Matheus, estou curioso sobre a elogiada atuação do Daniel de Oliveira.
Vem ganhando muitos prêmios… Curioso para ver o Nachtergaele na direção!
Abraço!
Bom, eu acho Matheus Nachtergaele uma ator fenomenal. A Cássia Kiss, naquele programa da Marília Gabriela, disse que ele é um diretor extraordinário e que o set de filmagens e altamente disciplinado…
Estou louco pra ver este filme.
Bjos!!
O fato é: pra estreante você colocou pontos positivos bem relevantes para ele. Tenho curiosidade de ver o filme pois, acho-o um grande ator. Acho que ele, realmente, pode ser um grande diretor.