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A Maldição da Casa Winchester

(Winchester, AUS/EUA, 2018)
Terror
Direção: Michael Spierig, Peter Spierig
Elenco: Helen Mirren, Sarah Snook, Finn Scicluna-O’Prey, Jason Clarke, Emm Wiseman, Tyler Coppin
Roteiro: Tom Vaughan, Michael Spierig, Peter Spierig
Duração: 99 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

A história de Sarah Winchester é interessante. Única herdeira da fortuna dos até hoje famosos fabricantes de armas de repetição, ela tem uma vida marcada pela depressão e culpa. Após casar-se com William Winchester, Sarah viu sua primeira e única filha morrer de desnutrição. Depois da morte do sogro e do marido, com sua depressão agravada, começou a acreditar que a família estava amaldiçoada.

A teoria de Sarah teria sido confirmada por um médium. Ele teria dito que, para que ela não fosse morta pelos espíritos das vítimas das armas de fogo Winchester, uma casa onde estivessem todos juntos – os fantasmas e Sarah – deveria ser construída. Com 50% das ações da fábrica e uma renda diária fabulosa, a mulher passou o resto de sua vida construindo novos cômodos na mansão onde foi morar. A obra durou 38 anos, sem nenhum dia de interrupção, e resultou num casarão com diversos salões, 161 quartos e 40 banheiros.

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A Maldição da Casa Winchester se baseia no folclore por trás da construção da mansão. Um psiquiatra é procurado por um representante da empresa de armas para avaliar as condições mentais da Sra. Winchester. Depois de resistir, por dinheiro, ele aceita passar um tempo no local com a viúva.

Pouco criativo na abordagem paranormal e pouco interessado em todas as outras questões que a história tinha o potencial de trazer, seja por sua conexão com a depressão ou com a própria indústria bélica, o filme dos irmãos Spierig é completamente dependente de sustos baratos e de efeitos especiais usados sem nenhuma parcimônia.

Nada parece ser aproveitado a contento, e isso pode ser percebido nas atuações de Helen Mirren e Jason Clark, que ora parecem esforçar-se para extrair algo do roteiro insuficiente, ora expõem o constrangimento por trás das ações.

O histórico recente da inspiração no cinema também não ajuda muito quando se lembra do curta-metragem experimental de Bertrand Bonello. Num balé operístico interrompido, Sarah Winchester, opéra fantôme acessa o luto e a loucura de Sarah de maneira muito mais eficiente.

Ou seja, qualquer mínimo de ousadia e profundidade poderia ter levado a um resultado melhor. O apego ao visual, a dependência de altas cifras de produção e uma vontade de realizar um terror sem compreender onde está a força do gênero fazem de A Maldição da Casa Winchester um equívoco.

Um Grande Momento:
Nada tanto assim.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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