Crítica | Outras metragens

A Moça que Dançou com o Diabo

(A Moça que Dançou com o Diabo, BRA, 2016)
Ficção
Direção: João Paulo Miranda Maria
Elenco: Aline Rodrigues, Karoline Carbonatto
Roteiro: João Paulo Miranda Maria
Duração: 14 min.
Nota: 9 ★★★★★★★★★☆

Há uma história popular no Brasil de um moço muito bonito que chega em uma festa no interior do país e chama a atenção de todo mundo. Uma das meninas do lugar é escolhida por ele e os dois passam a noite toda dançando juntos. Depois de muito tempo, quando ele se afasta da moça, ela percebe que, na verdade, ele é o diabo.

É neste conto de terror que se inspira o curta-metragem de João Paulo Maria Miranda, A Moça que Dançou com o Diabo. Feito com dinheiro de rifa e com um elenco composto por moradores da cidade de Rio Claro, o curta foi o escolhido pelo público do 5º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba como o melhor curta-metragem em competição, além de já ter recebido uma menção especial do júri no último Festival de Cannes.

A Moça que Dançou com o Diabo acompanha o dia-a-dia de uma jovem evangélica. Filha de pai pastor, daqueles que, entre outras coisas, vai para a praça pregar a palavra, ela ainda é obrigada a cantar canções gospel no meio da rua. Ou seja, pessoas normais que estão por aí em toda parte.

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O que fica bastante explícito com o filme é o deslocamento e a infelicidade daquela menina, um afastamento muito claro daquela realidade e a vontade de não pertencer àquilo tudo. O curta acaba tornando-se um filme sobre descoberta, libertação e experimentação.

Assim como em Command Action, Miranda Maria mostra uma capacidade muito grande na condução de atores. Mais uma vez trabalhando com um elenco não-profissional de sua cidade, o diretor consegue fazer com que sua protagonista transmita toda a insegurança e insatisfação, sem exageros e afetações.

Outra coisa que também chama atenção, como no curta anterior, é o trabalho de som, assinado por Léo Bortolin. O grande momento, por exemplo, precisa muito dele para ser tão impactante.

E, além de ser preciso em seus 14 minutos de duração, ainda fica um espaço para a interpretação do espectador, que pode ver no final um monte de coisas diferentes. E é por tudo isso que A Moça que Dançou com o Diabo vem chamando a atenção e tem dado o que falar por aí.

Um Grande Momento:
O final.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dLKuydr_XI4[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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