Crítica | Festival

Carnívora

(Carnívora, BRA, 2016)
Experimental
Direção: Arthur Tuoto
Roteiro: Arthur Tuoto
Duração: 63 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Em seu novo filme, Carnívora, Arthur Tuoto (Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças) compõe a sua história dando continuidade a um trabalho que já tinha iniciado antes. O diretor paranaense vai buscar inspiração em um poema de Katherine MacLean e faz com que ele se mescle a uma coleção de imagens e sons.

Com o material usado todo já em domínio público, Tuoto cria uma espécie de narrativa-instalação, onde o texto, a música e as imagens, ao invés de se completarem, lutam pela ocupação de mais espaço.

Ao espectador fica a vantagem de construir com aqueles fragmentos a história o que bem entender, do modo que bem entender. A experiência é instigante e, de certo modo, desafiadora.

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Enquanto o conto de MacLean fala sobre uma invasão alienígena e algumas poucas pessoas que sobreviveram no subsolo, as imagens trazem realidades familiares e recortes jornalísticos de acontecimentos. São muitas referências que parecem não poder ser alinhadas à história que se conta, mas que acabam fazendo algum sentido e criando uma narrativa diversa da tradicional, questionando, inclusive, a literalidade do texto.

Efeitos sonoros curiosos e uma trilha sonora composta por peças menos conhecidas, também vêm para somar e instigar a investigação e a descoberta, sem deixar de lado um certo suspense criado e reafirmado com os fades bem posicionados.

Não é o cinema narrativo que se costuma ver por aí e que faz tanto sucesso. Também não é uma aleatoriedade audiovisual que não se importa com o que vai ser visto e ouvido pelo espectador. É uma mescla de sensações estimuladas, é uma colagem bem pensada de elementos, ou seja, uma daquelas experiências de cinema que se precisa ter pelo menos uma vez na vida.

Um Grande Momento:
“Eles estão lá fora”.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=dPDvGtC7gBs[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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