- Gênero: Drama
- Direção: Marc Raymond Wilkins
- Roteiro: Lani-Rain Feltham
- Elenco: Magaly Solier Romero, Adriano Durand, Marcelo Durand, Tara Thaller, Simon Käser
- Duração: 90 minutos
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No seu trabalho anterior, o diretor suíço-britânico Marc Wilkins já tinha abordado a imigração sob um mote atual no curta metragem Bon Voyage, através do resgate de um bote de refugiados por um cruzeiro no Mediterrâneo. Em seu primeiro longa depois de uma carreira em curtas e videoclipes, esse A Santa do Impossível, Wilkins volta alguns momentos no tempo para situar os imigrantes sob uma ótica já abordada e conhecida há mais tempo, a fatia latina clandestina dentro dos EUA que ainda cresce e já se estabelece, embora ainda sofra com as possíveis ameaças constantes à sua presença que não cessam.
Com um mote antiquado, o filme aperta teclas já amplamente sabidas e não sopra conceitos novos para compreender esses dados repetidos, ainda que essas questões ainda não tenham sido superadas. Ainda assim, se esteticamente não há avanço, se narrativamente não há uma proposta de renovação de valores, sua ambição não é descoberta, apenas circula repetidas vozes para ecoar antigos problemas. A Santa do Impossível impressiona por sua escolha de construção não ser para uma nova compreensão dos elementos, mas sim do acúmulo gradual de novas e diferentes perspectivas a uma narrativa que se empola por excessos.
O filme brinca com preconceitos e estereótipos (ao demonstrar não demonstrar necessidade de diferenciação, através de um personagem, de peruanos com mexicanos) e observa a vida da família protagonista de maneira positivada e trabalhadora, mas, ao assolar de clichês em suas linhas não corrobora para o quadro de multiplicidade que deveria demonstrar ao criar a brincadeira, como se no fundo não houvesse mesmo diferença, já que não há uma roupagem menos gasta para embalar essa história; trata-se de uma tentativa de sobrevivência no mundo cão, tanto no destino quanto na origem.
A Santa do Impossível, veja só, nem tenta justificar seu título. Não que haja, a priori, necessidade desse tipo de função em um projeto, mas com essa escolha específica, imaginava-se que a espiritualidade latente do latino-americano seria desbravada com alguma propriedade específica, mas nada é priorizado nessa questão, nem uma personagem em questão nem uma imagem em particular; nem necessariamente religiosos são os tipos em cena, ou seja, é um desperdício de viés antropológico também para essa fatia possível, que é ignorada sistematicamente até o espectador perceber que não faz qualquer sentido que o filme assim tenha sido batizado.
O filme ainda saca uma personagem plus no enredo, Kristin, vivida pela atriz Tara Thaller, que incha sua duração, conduz uma trama criminal para o ambiente, aborda prostituição e submissão feminina em cenas absolutamente novelescas e ridículas de tão absurdas (como um homem rico que preza pela elegância tenta fazer sexo oral em uma mulher em meio ao salão de um restaurante lotado?), que esbarra na vida dos irmãos protagonistas, cria uma situação romântico-sexual com eles, mas nunca consegue criar um propósito que justifique sua presença sem parecer gratuita e desnecessária.
Apesar disso tudo, o elenco, ainda que defendendo diálogos repletos de chavões, estabelece seus talentos individuais e coletivos, mostrando a força da preparação do mesmo, sobretudo a sempre impecável Magaly Solier (de A Teta Assustada) como a matriarca desse grupo disfuncional. Não é por culpa de seus intérpretes que A Santa do Impossível acaba se revelando um produto que transmite passagens antiquadas e soluções engessadas em conservadorismo, mas do próprio olhar estrangeiro de um projeto que não consegue ir além de reafirmar clichês.
Um grande momento
Facadas na piscina