Crítica | Streaming e VoDFestival do Rio

A Travessia

(The Walk, EUA, 2020)
Nota  
  • Gênero: Aventura
  • Direção: Robert Zemeckis
  • Roteiro: Robert Zemeckis, Christopher Browne
  • Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Patrick Baby, Ben Kingsley, Charlotte Le Bon, Clément Sibony, César Domboy, Mark Camacho, James Badge Dale, Ben Schwartz, Benedict Samuel, Marie Turgeon
  • Duração: 123 minutos

Em agosto de 1974, um equilibrista francês esticou sua corda entre os dois prédios das torres do World Trade Center. A mais de 400 metros de altura, sua travessia ilegal entrou para a história. O fato foi contado nos cinemas em 2008, com o documentário O Equilibrista e volta agora às telonas na ficção A Travessia, dirigida por Robert Zemeckis (O Voo).

Diferente do documentário, onde toda uma seriedade cerca o feito, Zemeckis, com um natural saudosismo em relação ao cenário, opta pela diversão por trás do caso, buscando o humor e o lúdico, amenizando e enchendo de cores a história que circunda o evento e voltando claramente o seu longa-metragem para o público infantojuvenil.

As escolhas pela simplificação, assim como um inventivo uso de 3D, podem ser percebidos logo na primeira cena, onde em um fundo branco conhecemos o Phillippe Petit encarnado por Joseph Gordon-Levitt((500) Dias com Ela). Um monólogo pouco convidativo e carregado com um sotaque estranho contrastam com a percepção espacial do que se vê.

As passagens dos primeiros anos de Petit na França como artista de alta corda são contados de maneira pouco natural, fazendo uso de técnicas batidas como o destaque de uma única cor e com histórias e interações entre os personagens que atraem pouca atenção, dando a toda primeira parte um ritmo lento e cansativo. A Travessia segue assim até a chegada aos Estados Unidos, quando Petit finalmente consegue subir no alto de uma das torres.

Ao pisar em uma viga, toda a percepção do filme muda. O 3D assume o protagonismo da história e cumpre o seu papel de causar aquele frio na barriga, e até mesmo a vertigem, que situações extremas costumam causar.

Daí em diante, pouco importa o que de paralelo acontece entre um preparativo e outro, fisgado pela recriação da altura, assim como o personagem principal, o público quer a corda e o topo das Torres Gêmeas de novo na tela. E tem.

Diferente do uso batido e gratuito da tecnologia, o 3D faz todo o sentido aqui e abusa, com propriedade, da qualidade. A Travessia é um filme que gira em torno de um evento, que só se torna realmente atraente por sua tecnologia.

A Travessia fraco no resto, mas vale demais por esse momento. Não preciso nem dizer que deve ser visto em 3D.

Um Grande Momento:
A viga

[Festival do Rio 2015]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
2 Comentários
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Cecilia Barroso
Cecilia Barroso
14/10/2015 13:12
Responder para  bruno knott

Sim, Bruno, o 3D é fundamental. Imagina isso em IMAX! Mas tirando todo o deleite visual e sensorial, o filme é fraquinho.

bruno knott
bruno knott
13/10/2015 13:08

pois é, cecilia. se pensarmos bem não é um grande filme… mas saímos tão empolgados com o ato final que acabamos relevando algumas coisas. o 3d e a tela grande chegam a ser essenciais aqui!

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