Crítica | Streaming e VoD

Arremessando Alto

Diversão sob medida

(Hustle, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Drama
  • Direção: Jeremiah Zagar
  • Roteiro: Will Fetters, Taylor Materne
  • Elenco: Adam Sandler, Queen Latifah, Juancho Hernangomez, Ben Foster, Kenny Smith, Anthony Edwards, Robert Duvall, Jordan Hull, María Botto, Ainhoa Pillet, Raúl Castillo
  • Duração: 117 minutos

É tempo de play offs, os jogos finais da NBA. Warriors e Celtics disputam quem será o vencedor da temporada numa sequência emocionante e o quinto jogo acontece hoje (13/6). Enquanto muita gente acompanha os jogos, a Netflix aproveita o momento e lança seu título-destaque do mês: Arremessando Alto, com Adam Sandler vivendo um olheiro do 76ers, ou Sixers, que encontra um jogador incrível e quer encaixá-lo na próxima peneira.

Muito longe de tentar inventar a roda, seguindo o que há de mais básico na construção do roteiro, o longa, assinado por Jeremiah Zagar, agrada àqueles que gostam de basquete, seja pelo modo como se aproveita do próprio esporte, em jogadas e na tensão em quadra, ou por colocar na tela nomes conhecidos, tanto da nova como da velha geração. Participações como a de Boban Marjanovic, Kenny Smith e até do lendário Dr. J, são uma atração à parte. O roteiro de Arremessando Alto mescla essas figuras, algumas aparecendo com suas próprias identidades, outras ganhando personagens para elaborar o enredo.

Arremessando Alto
Scott Yamano/Netflix

São os casos do novato Anthony Edwards, ala-armador do Timberwolves, e até do coprotagonista, o já mais experiente Juancho Hernangómez, atualmemte ala-pivô do Jazz. Bons personagens em um filme de esporte, eles são, respectivamente, os jogadores recém-descobertos Kermit Wilts e Bo Cruz, e a principal rivalidade do enredo. Em seu entorno, ainda que não exclusivamente, estão atores profissionais que não comprometem nos lugares de cartolas e funcionam bem para as tensões pontuais, ainda que limitados, caso de Ben Foster como o intragável novo dono do Sixers. Já outros têm o carisma sempre a seu lado, como Queen Latifah e Robert Duvall.

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Porém, o filme é mesmo de Sandler, que em meio a todas as facilidades de roteiro e da aposta certeira na emoção do esporte, atuando em uma chave mais sóbria e equilibrada, constrói um personagem interessante e cativante. Longe de suas marcas e daquilo que estabeleceu seu nome, encontra um diferencial e, mais uma vez, funciona muito melhor em um terreno que não lhe é tão confortável. Embora familiar e easy-going, há uma exigência dramática ao seu Stanley Surgeman em Arremessando Alto que ele prefere não encarar sempre.

Arremessando Alto
Scott Yamano/Netflix

E como faz diferença quando ele resolve assumir esse lado. Não que transforme o filme, porque não há essa intenção aqui, mas por tornar a experiência em algo mais orgânico, natural. Junte-se a isso o momento certo, o magnetismo do esporte, uma história fácil e emoção. Tudo prontinho para funcionar. E funciona. Mesmo que não haja tanta elaboração assim e ainda com uma certa previsibilidade, o modo como se arranjam os acertos chama o público e faz com que ele sinta-se disposto a permanecer atento até o final. Ainda mais se for alguém que acompanha e gosta de basquete.

Um grande momento

“É meu filho”. 

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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