- Gênero: Ação
- Direção: Simon Kinberg
- Roteiro: Simon Kinberg, Theresa Rebeck, Bek Smith
- Elenco: Jessica Chastain, Lupita Nyong’o, Penélope Cruz, Diane Kruger, Fan Bingbing
- Duração: 122 minutos
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Quando, ainda em 2021, ouvi falar da estreia de um filme de espionagem protagonizado por cinco mulheres de nacionalidades distintas, me lembrei imediatamente da ideia narrada por Mia Wallace em Pulp Fiction, a série fictícia intitulada Fox Force Five, que também apresentaria um grupo de cinco agentes secretas mulheres, cada uma com uma nacionalidade e uma especialidade. Eu sempre quis assistir a algo como aquilo. Infelizmente, As Agentes 355, o tal filme, dirigido por Simon Kinberg, se mostrou uma montanha-russa de decepções em série. Apesar de ter créditos como produtor em filmes de sucesso, como Deadpool e Perdido em Marte, como diretor, Kinberg tem uma carreira escassa e desprestigiada, principalmente depois de Fênix Negra, maior fracasso de crítica e bilheteria do universo X-Men. Mal sinal.
As Agentes 355 se inicia na Colômbia, quando forças de elite locais organizam uma emboscada ao que eles achavam que seria uma negociação de narcóticos, mas se mostrou algo diferente. O bilionário malvado genérico interpretado por Jason Flemyng, na verdade, havia ido ao país para realizar a compra de um dispositivo malvado genérico capaz de invadir qualquer tecnologia conectada à internet, desde um celular até sistemas elétricos de cidades inteiras, aviões, usinas nucleares e por aí vai. Quem colocar as mãos no objeto, tem o poder de começar uma terceira guerra mundial. Eis que a polícia colombiana interrompe a transação e um tiroteio se inicia. O bilionário foge com seus capangas e Luis (Edgar Ramírez), o único policial sobrevivente, consegue fugir escondido, e o mais conveniente, com o dispositivo apocalíptico em mãos. O policial entra em contato com a CIA oferecendo o aparelho por um preço’x’, e é aí que entra em cena a agente Mace Brown, interpretada por Jessica Chastain, cuja missão é ir até a França com seu parceiro, Nick Fowler (Sebastian Stan), com o objetivo de recuperar o tal dispositivo.
O resgate dá errado e uma série de eventos previsíveis e já batidos faz com que Mace, agora banida da CIA, embarque em uma missão de vingança e vá se reunindo a outras espiãs de agências secretas mundo afora, como a alemã Marie (Diane Kruger), a britânica Khadijah (Lupita Nyong’o), a psicóloga colombiana Graciela (Penélope Cruz), que é inserida na trama de forma pouquíssimo convincente, e a chinesa Lin (Fan Bingbing), que ao longo da trama aparece muito menos do que os trailers dão a entender. Juntas, elas têm a missão de recuperar o dispositivo e salvar o mundo.
O grande potencial de um filme de espionagem com protagonistas femininas seria justamente a iconoclastia, ou um tipo de manutenção disruptiva das convenções de um gênero consagrado, mas que recentemente parece estar sem fôlego criativo. Acontece que no filme de Kinberg nada tem peso. Tudo parece uma cópia de uma cópia de uma cópia. Nem os vilões, nem seus capangas (completamente amadores), nem o dispositivo malvadão te assustam. Além disso, as motivações e personalidades das agentes são pouquíssimo exploradas, o que faz com que o público tenha dificuldades para se identificar com elas e com suas missões.
Em um único momento do filme, quando agentes tomam uma cerveja e conversam sobre suas experiências numa mesa de bar, temos um gostinho do que o filme poderia ser, mas nem nessa cena elas têm química e tudo fica meio forçado. Parece algo difícil desperdiçar atuações de Nyong’o e Cruz tomando uma gelada, mas Kinberg conseguiu. Para mais, os itens tecnológicos das espiãs, outra convenção do gênero, também são pouco inovadores e, sinceramente, meio sem graça. Um telefone que consegue telefonar para todo mundo ao seu redor ao mesmo tempo? Chato. Apenas em meados do terceiro ato algum tipo de peso começa a ser sentido, mas ainda assim nada que cative tanto. Como quase tudo que Hollywood tem entregado nos últimos anos, a franquia As Agentes 355 parece que chegou para ficar. Resta saber se o público vai engolir a versão preguiçosa de um material com tanto potencial.
Um grande momento
A conversa no bar