(The Two Faces of January, GBR/FRA/EUA, 2014)
Direção: Hossein Amini
Elenco: Kirsten Dunst, Oscar Isaac, Viggo Mortensen, Daisy Bevan, David Warshofsky
Roteiro: Patricia Highsmith (romance), Hossein Amini
Duração: 96 min.
Nota: 7
Baseado em um romance de Patricia Highsmith, autora de “O Talentoso Ripley”, e estreia na direção do roteirista Hossein Amini (Drive), As Duas Faces de Janeiro é um suspense cheio de simbologias e contradições. Ao mesmo tempo em que é fácil perceber as características de Highsmith na história que acompanhamos, percebe-se a simplicidade com que Amini conduz o filme, prendendo o espectador até os minutos finais.
Na Grécia, um trambiqueiro vive de pequenos golpes enquanto se faz passar por guia turístico. É assim que conhece um casal de americanos e os três acabam envolvidos em uma trama de assassinato e fuga. Não só da polícia, mas de um passado que nenhum deles gosta de lembrar.
O jogo entre o passado e o presente está presente por todo o longa-metragem. Não só na trama, mas em sua estrutura. Uma de suas coisas boas é o modo como, respeitosamente, reaviva na memória cinéfila uma infinidade de filmes de suspense, mesmo sendo moderno e diferente. Tanto pelas locações, também extremamente significativas para o jogo simbológico, como pela trilha sonora e até pelo desenvolvimento da história, o que se vê na tela é muito familiar, e a sensação agrada.
O trio central é vivido por Viggo Mortensen (Marcas da Violência), Oscar Isaac (Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum) e Kirsten Dunsten (Melancolia). Enquanto os dois primeiros entregam uma atuação dedicada e cheia de nuances, Dunsten prefere ficar no básico, e acaba destoando no final.
O desenho de produção de Michael Carlin (A Duquesa), com os figurinos de Steven Noble, chama a atenção pela reconstrução dos anos 60, assim como a trilha sonora de Alberto Iglesias (O Espião que Sabia Demais). Sem falar nas belas locações da Grécia.
Com uma trama que nos remete a uma nostalgia aconchegante, As Duas Faces de Janeiro é um filme que conquista o espectador ao mesclar a ingenuidade de antigamente com a malícia de seus personagens. Cenas como a perseguição pelas ruas de Istambul trazem uma época onde o cinema de suspense se preocupava em criar boas histórias e dependia menos de sustos e explosões.
A primeira experiência de Hossein Amini é uma grata surpresa. Sem excessos, ele consegue demonstrar que a simplicidade pode ser o caminho para o bom cinema .
Um Grande Momento:
O encontro em Istambul.
Links
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