Crítica | Festival

199 recetas para ser feliz

(199 recetas para ser feliz, CHL/ESP, 2008)

Drama
Direção: Andrés Waissbluth
Elenco: Pablo Macaya, Tamara Garea, Andrea García-Huidobro, Alex Brendemühl, Jordi Dauder
Roteiro: Marcelo Leonart, Nona Fernández, Cristián Jiménez, Andrés Waissbluth
Duração: 99 min.
Minha nota: 6/10

Um casal tem que conviver com a perda e, ao mesmo tempo, receber da melhor maneira possível outra pessoa devastada pelo mesmo sentimento. Entre lembranças, sobram várias tentativas de voltar a uma realidade que não existe mais e o desejo de recriar algo que nunca existiu.

Um filme sobre a continuidade da vida e sobre os muitos caminhos que podem existir em uma história. Isso é 199 recetas para ser feliz. Premiado em Valdívia como o melhor projeto em andamento, o longa chega às telas com imagens belíssimas e muito bem pensadas, uma marcação teatral e uma narrativa lenta, quase arrastada.

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Apesar de alguns problemas de foco nas primeiras imagens, é a câmera em movimento que nos apresenta àquele mundo. As pessoas que aparecem sem aparecer e detalhes que antecipam a trama despertam a curiosidade de quem assiste ao filme.

Filmado na Espanha, o longa se aproveita das cores e da natureza do local para compor seus enquadramentos que, por vezes, mais parecem um silenciosa pintura. Os personagens chilenos e os diálogos em catalão trazem para o resultado geral uma mistura que termina dando muito certo.

As belas cenas contrastam com tudo que o filme quer dizer e a degradação daquelas pessoas causa um misto de pena e agonia. O desespero, a solidão, o endurecimento, a negação, o disfarce e o abandono são alguns dos temas trabalhados pelos três personagens principais. As mudanças, notadas não somente nos personagens principais, também acontecem no apartamento, onde se dá a maior parte dos eventos.

Embora não seja perfeito, opte pelo não tão popular ritmo lento e insista nas inserções narradas das receitas, o filme consegue tratar muito bem a dor da perda. E fica muito mais tempo na cabeça do espectador do que o tempo de sua projeção.

Uma boa pedida para conhecer um estilo diferente de fazer cinema.

Um Grande Momento

Quando acaba.

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[Festival de Cinema Chileno 2009]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
2 Comentários
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Vinícius P.
Vinícius P.
30/08/2009 17:22

A trama parece ser bem interessante, mas duvido que esse filme chegue aqui na minha cidade algum dia. Quem sabe em DVD (o que também é complicado).

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