Crítica | FestivalMostra SP

Ballet Aquatique

36ª MostraDocumentário
Direção: Raoul Ruiz
Elenco: François Margolin, Melvil Poupaud, Raoul Ruiz
Roteiro: Raoul Ruiz
Duração: 50 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

(Ballet aquatique, FRA, 2011)

O surrealismo, gênero cujo objetivo não consiste em interpretar o mundo, mas sim transformá-lo, foi consagrado no cinema por nomes como Luís Buñuel e Jean Cocteau no século passado. Embora a influência deste importante movimento estético seja presente em tantos filmes atuais, um cinema exclusivamente surrealista é algo raro nos dias de hoje. Isso faz com que Ballet Aquatique pareça datado.

E não é para menos. O último filme Raúl Ruiz, um dos mais importantes diretores chilenos, morto em 2011, fecha com uma dedicatória a Jean Painlevé, célebre cineasta surrealista francês da primeira metade do século XX. Com mais de 200 obras em sua filmografia, Painlevé se especializou em fundir ciência e fantasia na documentação de animais marinhos.

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E é disso que se trata Ballet Aquatique, uma experiência radical voltada à patafísica, a ciência imaginária. Honrando Painlevé, o pseudo-documentário de Ruiz busca discutir por que é tão difícil contar os peixes em um aquário. Homens sentados explicando o inexplicável e imagens marinhas em preto e branco é o que se vê do início ao fim.

Certamente esse formato torna o filme cansativo, mas é preciso considerar que ele não foi feito para agradar. Talvez isso explique o grande número de pessoas que saíram da sala no meio da projeção. Como peça surrealista, Ballet Aquatique funciona bem, mas não exatamente como cinema. Afinal, não é simples transpor a estética de Breton para a sétima arte. Neste ponto, o mestre Buñuel sempre terá muito a ensinar.

Um Grande Momento

O peixe-fantasma.

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Fernando Colella

Publicitário de formação e estudante de filosofia, Fernando é daqueles que não perdem uma oportunidade de ir ao cinema e adora comprar novos títulos para sua DVDteca. Ele gosta de clássicos, cinema europeu e títulos alternativos, mas não deixa de ver blockbusters, mesmo que eles sejam adaptações literárias infanto-juvenis de gosto duvidoso ou comédias românticas com atrizes canastronas.
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