- Gênero: Suspense
- Direção: Vinil Mathew
- Roteiro: Kanika Dhillon
- Elenco: Taapsee Pannu, Vikrant Massey, Harshvardhan Rane, Aditya Srivastav, Yamini Das, Daya Shankar Pandey, Ashish Verma, Anamika
- Duração: 135 minutos
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Casamentos arranjados, intrigas, traições, assassinatos… tudo que pode despertar emoções extremas e ações e reações condenáveis reunido em uma única história. De consumo rápido e fácil pelo estilo, magnético por essa profusão de eventos e pelas amarrações e ganchos entre as ações, este tipo de narrativa é como uma armadilha onde a gente adora cair. Das histórias seriadas no jornal aos os livrinhos de bolso baratos, não há como resistir a um bom folhetim. E é isso que é Beleza Avassaladora na concepção mais pura do gênero.
Assistir ao longa indiano é como sentar para ler as colunas de Suzana Flag em “O Jornal”. Aqui, Leninha é Rani (Taapsee Pannu) e Paulo, Rishu (Vikrant Massey) e a história tem discrepâncias à medida e gosto dos costumes e da região, mas nunca se afasta muito daquilo que Nelson já nos contou. Nelson ou qualquer outro, porque ser folhetim também tem a ver com ser clichê, e o diretor Vinil Mathew e a roteirista Kanika Dhillon brincam com isso quando enchem seu filme com exemplares de romances policiais, que não estão ali apenas fisicamente, mas são citações constantes e também servem como guia para a estrutura da trama.
Tudo porque a história começa com um assassinato e a investigação é o que leva à história do casal que, seguindo a tradição, casou-se após um encontro realizado pelas famílias. O modo como Beleza Avassaladora é construído funciona muito bem, primeiramente pelo carisma inegável dos dois atores principais e a química entre eles. Depois pela dinâmica que Dhillon consegue estabelecer no novo ambiente de Rani, em contraposição com a sogra, uma divertida Yamini Das; e no jogo de sedução com o marido. Depois de estabelecer bem essas relações e preparar o terreno, ela parte para a tensão.
Se o roteiro conduz, Mathew vai embaralhando sua história com as idas e vindas temporais. Ao mesmo tempo em que é básico no filmar do cotidiano, exagera na mão — e na breguice — para filmar o que assim precisa ser filmado, e tira a cor e luz para registrar o tempo presente. Onde, inclusive, assim como nós, outros espectadores curiosos vão se acumulando. A partir de certo ponto, só o delegado Kishore parece interessado no assassinato e na tentativa de confissão, o resto todo quer saber como a história dos dois se desenrolou.
E não é isso que essas narrativas fazem com a gente? Elas nos sugam, falam daquilo que conhecemos, encontram ganchos e provocações que nos amarram à história e nos levam até o final que querem e para o qual nos preparam, pois também não querem decepcionar. A previsibilidade, porém, nunca funciona para as coisas ansiosas e absurdas que fazem parte do caminho. E eu não estou falando da chegada de alguém ou do telefonema que se escutou atrás da porta. São situações que fazem a gente arregalar o olho e se sentir culpado por ainda estar ali assistindo sem conseguir parar.
Beleza Avassaladora é um filme errado. Sim, muito errado. Mas é um filme certo, também. Porque escolheu uma forma e mergulhou nela de cabeça, respeitando a estrutura e ultrapassando os limites toda vez que via uma oportunidade. Além disso, em seu “voltar” ao passado, ri das tradições e de uma pressão social já sem cabimento, onde mulheres têm espaço permitido, idade é limite e os erros não se apagam. Porém, é um folhetim, e assim deve ser consumido. Até porque, com tanta barbaridade, quem for levar a sério vai morrer do coração.
Um grande momento
O jogo de sedução