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Coronavírus afeta cinema

Com a disseminação do Coronavírus (COVID-19) pelo mundo e o conhecimento da facilidade com que o vírus é transmitido, várias precauções estão sendo tomadas em várias cidades do Brasil. Embora parte da população brasileira ignore o que viu acontecendo na Europa, acredite em teorias conspiratórias comuns a um governo eleito por elas e participe de manifestações, ou não dê a real proporção ao problema, inobservando as normas sanitárias determinadas, a velocidade com que novos casos surgem, sobrecarregando o sistema de saúde e podendo causar a morte de contaminados em determinados grupos de risco, fez com que os mais sensatos tomassem as providências necessárias.

Com a postura irresponsável do governo federal – e um presidente que vai apertar a mão de manifestantes alegando não estar contaminado, embora de sua comitiva em recente viagem aos Estados Unidos 13 pessoas tenham testado positivo para a doença –, os governadores e prefeitos tomaram para si as precauções devidas. Primeiro suspendendo a realização de grandes eventos, depois de menores e chegando à paralisação de escolas e universidades. Para evitar a concentração de pessoas e a disseminação do vírus, alguns estados e o Distrito Federal determinaram o fechamento de vários lugares públicos, entre eles os cinemas. A recomendação é ficar em casa, radicalmente.

Até agora no Brasil, 577 salas de cinema estão com as portas fechadas atendendo a determinações de governos estaduais para controle da pandemia de Coronavírus. As que ainda estão abertas seguem um protocolo específico de controle, diminuindo o número de ingressos disponíveis e reservando cadeiras livres ao lado daquela que foi adquirida. As grandes redes já anunciaram férias coletivas e até mesmo de planos de demissão voluntária (PDV), como foi o caso do Cinemark. A maior rede do país deu duas opções aos seus funcionários: adesão ao PDV, com o saque do FGTS, sem o pagamento da multa rescisória, ou adesão a um programa de qualificação, com cursos online, e a redução dos salários.

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Mostras e festivais também alteraram suas datas de realização, como o É Tudo Verdade e a Mostra de Tiradentes SP, ambos programados para começar no próximo dia 26 de março. “O É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários decidiu, em sintonia com seus patrocinadores e parceiros, realizar sua 25ª edição em duas etapas: uma, digital, no período originalmente agendado, e outra, presencial, em datas ainda a serem especificadas de setembro próximo”, afirmou a produção do evento.

Baque da indústria

Há várias complicações que vêm com o fechamento das salas e a impossibilidade de lançar os títulos. Filmes realizados com editais do governo precisam cumprir um calendário, ou seja, têm um prazo para que as produções estreiem e as suspensões afetam diretamente essa programação. Um outro lado da cadeia produtiva também é afetado, uma vez que as filmagens também são suspensas, fazendo com que vários trabalhadores do audiovisual não tenham trabalho. Gravações de séries, novelas e filmes foram paralisadas no mundo todo, sem previsão de retomada.

Entre os filmes com a estreia adiada indefinidamente estão os brasileiros Três Verões, Pacarrete, Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou! e A Febre; e os estrangeiros Quarto 212, Sybil, Transtorno Explosivo, Tel Aviv em Chamas, O Chão Sob Meus Pés, As Faces do Demônio e Um Lugar Silencioso – Parte II. “Acreditamos e apoiamos a experiência do cinema e tentaremos colocar o nosso filme de volta ao mercado o mais rápido possível”, disse em nota a Paramount Pictures, responsável pela distribuição da continuação. “A futura data de lançamento será anunciada assim que tivermos uma percepção melhor do impacto dessa pandemia no mercado de cinema global.”, completou.

A Disney paralisou o andamento de todos os projetos, entre eles A Pequena Sereia. O estúdio também fez uma nota informando sobre os cancelamentos de estreias: “Como se sabe, diante dessa situação de rápida evolução da pandemia do Coronavírus, estamos adiando no Brasil os lançamentos de Mulan, Os Novos Mutantes e Antlers por precaução.”

Empresas brasileiras também se pronunciaram, como a Vitrine Filmes. “Após a declaração de pandemia para o Coronavírus (COVID -19) pela OMS, a distribuidora opta, após uma minuciosa avaliação, por não lançar os longas previstos para esse e o próximo mês. Pensando na segurança do público e de todas as pessoas envolvidas na cadeia de lançamento, decidimos zelar pelo bem estar e saúde de todos”, afirmou em nota.

Alguns filmes já programaram novas datas. São eles: 007 – Sem tempo para morrer (25 de novembro), Pedro Coelho 2 (7 de agosto) e Velozes e Furiosos 9 (abril de 2021).

Olhos na TV e no computador

Se os filmes não podem ser lançados ou assistidos nas telonas, e com a decretação de teletrabalho por vários empregadores, a procura pela velha TV e o streaming aumentou significativamente. Netflix, Prime Video, Telecine Play e os próprios canais de TV aberta disputam um público que tem muito tempo para assisti-los. Maior plataforma no Brasil, a Netflix mantém sua postura de marketing e tem investido no lançamento de títulos que tenham a ver com o momento atual e com a pandemia do Coronavírus, como a produção sul-coreana A Gripe, de 2013.

A Rede Globo anunciou que sua programação será toda alterada, com a suspensão de programas, além da antecipação do final de algumas novelas e a interrupção de outras. “A Globo traçará estratégias específicas para cada momento e divulgará de forma transparente todas as decisões tomadas. Levando em conta sempre os interesses e as necessidades do seu público, dos seus colaboradores e dos seus parceiros comerciais” disse a emissora ao falar sobre a duração das mudanças. Conteúdo jornalístico, reprises e filmes vão ocupar a grade de programação.

A empresa também anunciou a liberação dos canais fechados. O Telecine, por exemplo, está com o sinal de todos os seus canais liberados nas operadoras de TV. Quem não tiver uma TV por assinatura pode acessar o streaming, em versão de teste, por até 30 dias gratuitamente. Outros canais da rede liberados nas operadoras são: Gloob, Gloobinho, Canal Brasil, Multishow, GNT, SporTV 1, 2 e 3, GNT, VIVA, Universal TV, Studio Universal, Syfy, Megapix, Mais Globosat, BIS e OFF.

Redação

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