- Gênero: Terror
- Direção: Matt Sobel
- Roteiro: Kyle Warren, Veronika Franz, Severin Fiala
- Elenco: Naomi Watts, Cameron Crovetti, Nicholas Crovetti
- Duração: 92 minutos
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Refilmagens estadunidenses sempre serão um bom elemento de análise e discussão. Seguindo uma lógica muito básica de mercado, é natural que ao identificar uma coisa interessante e potencialmente lucrativa, se queira refazê-lo em língua nativa e assimilando alguns elementos de identificação própria. Capitalismo, ok. O que não dá para entender é porque sempre é preciso transformar tudo num purê de batatas que dispensa mastigação e será digerido em alguns segundos.
Nesse mar de facilitadores acaba de surgir mais um título: Boa Noite, Mamãe. O longa é uma refilmagem do alemão de mesmo nome assinado por Verônica Franz e Severin Fiala lançado em 2014, e conta a história de dois irmãos gêmeos que basicamente não reconhecem mais a mãe, recém subentendida a procedimentos estéticos. Embora não escapasse da previsibilidade, o original era um terror elegante, que usava o tempo e o estranhamento para estabelecer sua atmosfera, apostando no elementar, em detalhes assustadores dispostos ao longo da trama para justificar a paranoia. Até se transformar em um horror mais físico na figura de seus dois protagonistas.
Bom, o remake dirigido por Matt Sobel tem uma relação com o tempo muito mais pasteurizada, comum às realizações mais comerciais do gênero, e abandona boa parte das escolhas do original, atendo-se ao enredo principal, o que, ressalte-se, não é ruim, já que a premissa é realmente boa. A grande questão aqui é a mesma de todas as outras refilmagens e adaptações estadunidenses: o fato de não confiar na capacidade de seu público, de não acreditar que ele será capaz de entender aquilo que está sendo contado e a necessidade de esmiuçar a revelação muito, muito além do aceitável. É óbvio que isso não tem necessariamente a ver com o fato de existir um filme anterior que conte a mesma história. Ainda que o impacto negativo seja maior naqueles que conhecem o filme da década passada, os que estão tendo contato pela primeira vez com a história dos dois irmãos também se decepcionam.
Porém, para estes, há indubitavelmente mais pontos de interesse no novo Boa Noite, Mamãe. O desconhecimento sempre é benéfico para qualquer suspense e as mudanças aqui, de estética e fórmula, conduzem por um caminho tão mais fácil e comum que aqueles que já conhecem a história de Elias e Lukas têm um interesse apenas superficial. Questões relacionadas à culpa, rejeição, identidade e à própria maldade vão se perdendo na facilitação da história, deixando de ser elementos fundamentais na constituição das personalidades. Do mesmo modo, a elaboração de questionamentos outros, como sobre a própria maternidade, algo que quase se configura no longa, não se concretizam.
Assim, Boa Noite, Mamãe é sempre menos do que poderia ter sido, mais superficial do que deveria, e provoca uma sensação de incompletude constante, mas, ainda assim, praticamente não deixa de ser um suspense eficiente por sua história original. É fato que ele traz algo que desperta sentimentos pelo inusitado da relação – e reação – entre as partes e por aquilo que estaria a ser revelado. Isso até cair em sua pior armadilha e estragar aquilo que, depois de todo o esvaziamento, tinha de mais contundente.
Um grande momento
Sob a pele
Nao percam nem 1minuto se quer da vida de vcs assistindo a essa bosta de filme. Nao tem nada de terror nem de nada,horrivel!