(True Grit, EUA, 2010)
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Jeff Bridges, Hailee Steinfeld, Matt Damon, Josh Brolin, Barry Pepper, Dakin Matthews, Jarlath Conroy, Paul Rae, Domhnall Gleeson, Elizabeth Marvel, Roy Lee Jones, Ed Corbin
Roteiro: Charles Portis (romance), Ethan Coen, Joel Coen
Duração: 110 min.
Nota: 8
Após o longa-metragem Matadores de Velinhas, refilmagem de Quinteto da Morte, de Alexander Mackendrick, os irmãos Coen visitaram mais uma produção que passou pelas telas de cinema anos antes: Bravura Indômita, de 1969, adaptado do romance de Charles Portis, com John Wayne no elenco. No entanto, segundo os próprios diretores, a nova versão do faroeste não seria mais uma refilmagem, mas sim outra adaptação cinematográfica do livro de Portis.
O filme conta a história de Mattie Ross (Hailee Steifeld). Decidida a vingar a morte do pai, assassinado por Tom Chaney (Josh Brolin), a jovem contrata o controverso Rooster Cogburn (Jeff Bridges), um agente da lei caolho e beberrão que conta com uma bravura e determinação acima da média dos homens daquele tempo. Contudo, Mattie não ficará satisfeita em apenas saber da morte de Chaney, ela está determinada a participar da caçada. Apoiando a dupla aparece o Texas Ranger Laboeuf (Matt Damon), que está atrás de Chaney por um outro assassinato cometido em seu estado.
De forma simples, esta é a história de Bravura Indômita, e é nessa “simplicidade” que os irmãos Coen encontram espaço para mais um brilhante trabalho de direção. Mais uma vez percebe-se que qualquer roteiro nas mãos dos irmãos torna-se algo novo e original. Com a irônia e humor negro peculiar da dupla, comparar a versão de 1969 e esta é quase uma injustiça.
A abordagem dos irmãos é crua e realista e, aqui, os personagens não podem ser facilmente definidos como bons ou maus. A garota Mattie ganha na versão dos Coen um ar taciturno. O sentimento de justiça e vingança estão juntos dentro dela, assim como a ingenuidade e o amadurecimento abrupto imposto em seus dias. Da mesma forma, Rooster é composto também por contradições, um agente da lei, beberrão, truculento que, a despeito do cargo que ocupa, age muito mais em função dos seus próprios dogmas e de uma boa recompensa.
Jeff Bridges entrega uma atuação muito mais versátil do que a de John Wayne. Desprendido de toda e qualquer vaidade, podemos ver o personagem no banheiro ou em momentos de puro heroísmo e o ator sabe tratar esses diferentes momentos e tensões com naturalidade e sem exageros. O resultado é um personagem inesquecível, um anti-herói que, por várias vezes, rouba a cena. O trabalho resultou na indicação ao Oscar 2011 de melhor ator.
Completando a tríade de opostos, o personagem Laboeuf – numa interpretação discreta, mas não menos segura de Matt Damon – surge como o ponto de desencontro entre a razão representada por ele próprio e toda emoção vinda de Rooster. A importância desse confronto para a história, além do conflito entre esses personagens, está no fato de representar as visões e as possibilidades escolhidas por Mattie para trilhar o seu caminho em busca de justiça. Josh Brolin e Barry Pepper completam o elenco demonstrando mais uma vez a capacidade dos diretores em atrair vários bons atores para um mesmo projeto.
A fotografia fica por conta de Roger Deakins, responsável por trabalhos como O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, Onde os Fracos Não Têm Vez, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, Fargo e Um Sonho de Liberdade, entre vários outros. O nome à frente do trabalho é certeza de uma fotografia diferenciada, que surge como um elemento importante não só para a produção, mas também para a história que se conta. Em Bravura Indômita, os grandes planos e o espaço físico têm grande influência na exposição do comportamento e sentimento dos personagens. Deakins consegue transpor o que quer para as telas.
Por fim, parece descabido de propósito fazer qualquer comparação entre as produções de 2010 e de 1969. Ainda menos importante e impróprio fica sendo qualquer preocupação ou demérito por esta produção se tratar ou não de uma refilmagem. Ao longo de sua carreira no cinema, Joel e Ethan Coen têm provado que em suas mãos cada filme é um, único.
Um Grande Momento:
Cogburn socorrendo Mattie
Links
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=AfCWTEPEh6Q[/youtube]