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Cemitério Maldito

(Cemitério Maldito, EUA, 1989)

Terror

Direção: Mary Lambert

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Elenco: Dale Midkiff, Fred Gwynne, Denise Crosby, Brad Greenquist, Michael Lombard, Miko Hughes, Blaze Berdahl, Susan Blommaert

Roteiro: Stephen King

Duração: 103 min.

Nota: 5/10

Mary Lambert tem se dedicado à sua carreira na televisão. Entre inúmeros telefilmes e alguns episódios de seriados, ela fez seu nome na direção de videoclipes, incluindo os cultuados ‘Borderline’, ‘Like a Virgen’ e ‘Like a Prayer’, da rainha do pop Madonna. Suas experiências na tela grande começaram com o estranho e visualmente interessante Marcas de uma Paixão que, entre tropeços, tinha a seu favor um elenco de peso, com nomes como Ellen Barkin (Vítimas de uma Paixão), Gabriel Byrne (Os Suspeitos), Isabella Rossellini (Veludo Azul) e Jodie Foster (O Silêncio dos Inocentes). Depois dele, veio o talvez mais conhecido filme de Lambert, o terror Cemitério Maldito.

Baseado em um romance de Stephen King (Conta Comigo), roteirizado pelo próprio, o longa conta a história de uma família que acabara de se mudar para uma nova cidade. Um médico, Louis Creed, acabara de conseguir um emprego na faculdade local e tudo parecia perfeito, não fosse a proximidade da casa de uma autoestrada, onde centenas de animais de estimação haviam morrido, e de um cemitério de animais criado pelas crianças que acabaram de perder seus bichinhos.

A proximidade com um vizinho estranho, uma daquelas figuras que se tornaram comuns em contos de terror no século XX, acaba levando Louis a conhecer um outro lugar, um cemitério indígena abandonado que consegue fazer os defuntos voltarem à vida. Apesar dos conselhos de um recém-desencarnado, é lá que vai parar o gato da filha do casal depois de um acidente.

O começo macabro, está entre a nova casa dos Creed e o cemitério indígena, no local criado pelas crianças para enterrar seus cachorros, gatos e afins. A trilha sonora e alguns dizeres característicos de cerimônias fúnebres, ambos em vozes infantis, antecipam o terror que virá a seguir, mas definha.

Diálogos rasos, interpretações exageradas e insuficientes dos protagonistas e uma linguagem exageradamente televisiva, com talvez algumas das piores composições de plano e contraplanos já vistas, acabam enfraquecendo o resultado geral, que só se mantém graças ao argumento bem elaborado.

Típico filme de terror dos anos 80, onde o susto não aparecia como elemento principal e com alguma história para contar, Cemitério Maldito conta com pequenas pérolas que fazem a revisitação valer a pena, como a participação especial do próprio King como o padre que celebra uma missa fúnebre; as boas passagens com Brad Greenquist (Dominação) como o fantasminha camarada; um quê saudosista com Fred Gwynne (Ironweed), o eterno Sr. Herman Munster do seriado Os Monstros, vivendo o vizinho esquisito que conhece os segredos do local e, claro, Ramones na trilha sonora.

Além disso, e perdoando a falta de recursos nos efeitos especiais, é curioso rever algumas passagens que marcaram época, como as cenas com o pequeno Gage ou as memórias da irmã moribunda de Rachel, Zelda, vivida pelo ator Andrew Hubatsek (Jogo Perverso), já que na época não encontraram nenhuma mulher magra o suficiente para encarnar uma paciente terminal de meningite espinhal.

Alguns podem achar curioso como um filme com muito mais defeitos do que qualidade consiga se manter por tanto tempo e ainda tenha fãs. Basta ver o rumo que o cinema de terror tomou. São tantas histórias repetidas, tanto sangue derramado sem motivo e tantos sustos que qualquer filme com um enredo consegue superar. Um viva aos cemitérios indígenas.

Um Grande Momento

Os créditos iniciais.

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=tOmBSo5ooOA[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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