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Chico Anysio no cinema

Mestre na criação de personagens e dono de um timing cômico raro, Chico Anysio nos deixou na última sexta-feira, em decorrência de problemas cardio-respiratórios.

A lista de personagens inesquecíveis para a televisão é extensa. Em mais de 60 anos de profissão, ele soma muitos quadros, jargões e participações especiais em radionovelas, seriados, novelas, programas humorísticos e, claro, no cinema. Quem teve a chance de ver seu Zé Esteves, de Tieta do Agreste, ou seu Major Consilva, de A Hora e a Vez de Augusto Matraga, lamenta que não tenham sido muitas.

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O Primo do Cangaceiro, de Mário Brasini
Em sua primeira experiência nas telonas, Chico não só atuou como também assinou o roteiro junto com Ruy Costa, Jota Ruy e Plínio Campos. A comédia conta a passagem do comando do bando de Lampião para o sobrinho do cangaceiro, Tetéu.

Eu Sou o Tal, de Euripides Ramos e Hélio Barroso
Chico Anysio participa do filme que projetou o humorista Vagareza, sucesso na tv dos anos 60. A história contada é a de um homem que vence um concurso de interpretação onde é o único inscrito e vai para a cidade grande tentar a sorte na carreira de ator.

Entrei de Gaiato, de J.B. Tanko
Aqui ele volta a acumular as funções de ator e roteirista, dividindo o roteiro com o diretor. Misto de comédia e musical, com nomes como Dercy Gonçalves, Costinha e Zé Trindade no elenco, o filme conta a história do vigarista Januário, que se faz passar por rico fazendeiro para dar golpes em um hotel de luxo.

Cacareco Vem Aí (Duas Histórias), de Carlos Manga
Foi Chico quem criou a história dessa chanchada de Carlos Manga e nela dividiu o set com Oscarito, Cyl Farney e Odete Lara. O longa faz rir com os desencontros entre o desastrado Cacareco e o sua sobrinha Maria do Socorro, que acabara chegar do interior.

O Doce Esporte do Sexo, de Zelito Viana
Depois de muitas participações em filmes de Carlos Manga e outros diretores da época da chancada, Chico protagonizou seu primeiro filme sob a batuta de seu irmão Zelito Viana. A comédia é divida em episódios: O Torneio, A Boca, O Filminho, A Suspeita e O Apartamento, mas não foi muito bem sucedido.

Tanga (Deu no New York Times), de Henfil
Depois de muitos anos afastado das telonas, Chico volta nessa comédia dirigida e escrita por Henfil, que conta a história de um velho ditador de uma república fictícia que recebe diariamente o jornal The New York Times. É através do periódico que ele sabe o que está acontecendo no mundo, mas um grupo de guerrilheiros tenta destruir o sistema de informação.

Tieta do Agreste, de Carlos Diegues
A primeira participação do humorista no cinema nacional pós-retomada foi na adaptação do clássico de Tieta, de Jorge Amado, para as telonas. Ele interpreta Zé Esteves, o pai de Tieta, e o faz brilhantemente.

Se Eu Fosse Você 2, de Daniel Filho
Na comédia Globo Filmes que levou milhões de pessoas ao cinema não podia deixar de ter o melhor humorista da emissora. Em Se Eu Fosse Você 2, Chico faz o divertido sogro da filha do casal que troca de corpos pela segunda vez.

Uma Professora Muito Maluquinha, de Andre Alves Pinto e César Rodrigues
A parte infantil da filmografia do humorista traz a comédia adaptada de um livro de Ziraldo e conta a história de uma professorinha que volta para sua pequena cidade depois de uma temporada na capital.

A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinicius Coimbra
Antes de partir, Chico deixou um de seus mais impressionantes trabalhos. Em um papel diferente de toda sua filmografia, ele constrói um Major Consilva difícil de esquecer. O trabalho o rendeu o prêmio especial do Festival do Rio do ano passado. O filme ainda não estreou nos cinemas.

Up – Altas Aventuras, de Pete Docter e Bob Peterson
O bônus da lista vem com outra memorável interpretação do Chico Anysio, mas dessa vez como dublador. O velhinho Carl Fredricksen, que sai voando pelo mundo em sua casa, não poderia ter uma voz melhor no Brasil.

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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