Crítica | Streaming e VoD

Cine Holliúdy

(Cine Holliúdy, BRA, 2012)

Comédia
Direção: Halder Gomes
Elenco: Edmilson Filho, Miriam Freeland, Roberto Bomtempo, Fiorella Mattheis, Marcondes Falcão, Rainer Cadete, Marcio Greyck, Joel Gomes, Karla Karenina
Roteiro: Halder Gomes
Duração: 91 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Cine Holliúdy, comédia brasileira que estreia nesta sexta-feira em Brasília e já está em cartaz em outras praças do Brasil, é um bela declaração de amor ao cinema. Diferente dos muitos outros filmes do gênero que transbordam as salas de exibição por aqui, aposta no humor ingênuo, inocente, e acerta em cheio.

O filme conta a história de um dono de cinema artista que tenta sobreviver à chegada dos televisores públicos. Movido pelo amor à sétima arte, ele se muda para uma nova cidade, onde abrirá o Cine Holliúdy, exibirá seus filmes e fará de tudo para estimular a paixão de cada uma daqueles habitantes pelo cinema.

Apoie o Cenas

Baseado no curta-metragem Cine Holliúdy – O Artista contra o Cabra do Mal, o longa começa a fazer rir antes mesmo dos créditos iniciais. A opção por um filme completamente falado em cearencês – e por isso completamente legendado – e a adequação da censura com o alerta de cearensidade explícita são divertidos e bem adequados ao que está por vir.

Quem é do Ceará, ou conhece bem o estado, vai reconhecer muitas daquelas situações, expressões e costumes e talvez se divirta ainda mais, mas quem não está assim tão habituado também não vai deixar de dar boas gargalhadas depois da abertura a la Kung Fu Fighting.

Além de misturar política, com um prefeito para lá de “amostrado” e a influência do cinema de luta com voadoras shaolin na pleura alheia, o filme é cheio de detalhes engraçadinhos e conta com as participações dos cantores Márcio Greyck – que também está na trilha sonora, já que é o cantor favorito do protagonista Francisgleydisson – e de Falcão, como o ceguinho da nova cidade. Os filmes dentro do filme também merecem uma citação à parte.

Ainda que tenha alguns tropeços aqui e ali, que algumas atuações não convençam tanto assim (o que não é o caso de Edmilson Filho), Cine Holliúdy tem muitas vantagens e a maior delas é conseguir envolver o espectador de uma maneira irreversível. Sem apelar para o humor fácil da escatologia, das piadas sexuais e trazendo de volta a ingenuidade para falar de um tema tão mágico, como o cinema.

Apesar de toda a diversão que proporciona, o longa também vem para mostrar uma realidade que não é tão divertida assim: no Ceará, apenas cinco municípios têm salas de cinema. A mesma coisa acontece com o resto do país. De acordo com a última estatística do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 391 têm cinemas.

Qualquer homenagem ao cinema em um país onde a arte é tão pouco considerada já merece aplausos dobrados.

Um Grande Momento:
Valdisnei jogando bola.

Cine-holliudy_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=7allekyiCY8[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
Botão Voltar ao topo