Assim como a maioria dos festivais ocorridos pelo mundo em 2020, a Mostra SP chega a 44ª edição via online, por consequência dos eventos que envolvem a Covid-19, que ainda repercutem no cinema nessa temporada; mesmo que muitas cidades (São Paulo inclusive) já tenham começado a flexibilizar as salas de cinema e muita já se encontrem abertas, uma das mostras mais tradicionais do país decidiu por manter a segurança de cinéfilos, críticos e “mostreiros” no geral.
Na coletiva realizada hoje, a diretora do evento Renata de Almeida apresentou novidades na programação, divulgação de homenagens e principalmente trouxe a certeza da Mostra Play, canal que a própria Mostra criou com utilização exclusiva do próprio evento, para exibir com segurança os quase 200 títulos programados para esse ano; quem achou que a Mostra seria enxugada até o talo, levou um susto quando conferiu os títulos e a relevância dos mesmos, que vão do nacional selecionado por Cannes Casa de Antiguidades até o recém-premiado com o Grande Prêmio do Júri em Veneza, Nova Ordem, dirigido pelo mexicano Michel Franco que irá abrir a Mostra dia 22 próximo.
Ainda sobre a plataforma de exibição, já testada hoje pela imprensa com a exibição de Mães de Verdade, da japonesa Naomi Kawase, sua estrutura foi elaborada e concebida pelos mesmos profissionais que conceberam os mesmos propósitos para festivais do porte de Toronto e garantem integridade para os filmes e para os usuários, seu público final, com uma qualidade, ou seja, já começando essa extraordinária edição on-line já com o pé direito.
O diretor Frederick Wiseman foi escolhido pra receber o Troféu Humanidade, geralmente outorgado a personalidades cinematográficas imprescindíveis por seus feitos tanto atrás das câmeras como na vida real. O diretor veterano de documentários ainda trará seu mais novo filme, Prefeitura, em mais um desafio cinematográfico típico seu, com mais de 4 horas de duração.
Outro personagens comuns à Mostra voltam a aparecer esse ano, como Lav Diaz, que com seu Gênero, Pan entrega um dos seus menores filmes da carreira, com apenas 2 horas e meia, que acabou de ser premiado na mostra Orizzontti do Festival de Veneza; Jafar Panahi trás seu novo curta, Escondida; Lucia Murat entrega um novo documentário, Ana. Sem Título; e o romeno Radu Jude, A Saída dos Trens. Além desses e tantos outros, o chinês Jia Zhang-Ke, além de ilustrar o pôster da 44ª Mostra, também apresenta duas novas produções, Nadando até o Mar se Tornar Azul e A Visita.
Sara Silveira, umas das mais conceituadas produtoras de cinema do país, premiada dentro e fora do país, terá função dupla nessa Mostra especial. Com quase 40 anos de trabalhos dedicados ao cinema, Sara receberá o Troféu Leon Cakoff, para comemorar essa vida repleta de serviços muito bem prestados ao cinema brasileiro. Além disso, a produtora estará ao lado da montadora Cristina Amaral e do diretor Felipe Hirsch no júri oficial do evento.
E o recheio da Mostra SP de 2020, aquele que causará a correria virtual de tantos cinéfilos, são filmes dos mais prestigiados possíveis, além de premiados pelo mundo afora. O vencedor do Urso de Ouro em Berlim Não Há Mal Algum, do iraniano Mohammad Rasoulof; Dias, do diretor malaio Tsai Ming-Liang; Crianças do Sol do também iraniano Majid Majidi; Fábulas Ruins, dos irmãos italianos D’Innocenzo; Malmkrog, do romeno Cristi Puiu, e o estadunidense Abel Ferrara também vem com programa duplo: Siberia e Sportin’ Life.
Além disso, grandes talentos do cinema estão de volta, como Beto Brant com La Planta; Marilia Hughes e Cláudio Marques com Sobradinho, Helvécio Ratton com O Lodo, Silvio Tendler com Nas Asas da Panam, Djin Sganzerla com Mulher Oceano, Matias Mariani com Cidade Pássaro, e Marco Dutra e Caetano Gotardo com o premiado Todos os Mortos.
Então, entre os próximos dias 22 de outubro até 4 de novembro, a Mostra SP estará disponível para além do estado, mais precisamente no país todo, e o Cenas de Cinema estará em cobertura total de um dos maiores festivais do Brasil.