Começou ontem (5) o VI Tudo Sobre Mulheres – Festival Feminino de Chapada dos Guimarães. Idealizado por Danielle Bertolini, o evento teve sua primeira edição em 2005 e, depois de um hiato de sete anos, volta a acontecer. Seu foco principal do festival é como a questão feminina é abordada pelas obras audiovisuais, independentemente do gênero de seus realizadores. O próprio nome do festival remete ao diretor espanhol Pedro Almodóvar, que quase sempre soube como retratar a mulher, e seu filme Tudo Sobre Minha Mãe (1999).
O momento é oportuno para o retorno do Tudo Sobre Mulheres, um festival que já olhava para o protagonismo feminino muito antes desse fundamental despertar para a questão da representação. Histórias de mulheres que precisam ser contadas, realidades que precisam ser conhecidas por todos. E há um novo movimento, aquele que vai para trás das câmeras, onde representação e representatividade se encontram. Ao falar sobre a seleção Danielle, que também foi responsável pela curadoria ao lado de Aline Wendpap e Fernanda Solon, ressalta a predominância de filmes dirigidos por mulheres (21 filmes solo, 4 em codireção com homens e sete por homens): “estamos falando mais de nós mesmas, das questões femininas, do nosso universo”.
Desde sua primeira edição, o festival mantém o tema principal e, por mais tempo que isso tenha, o que se mostra na seleção ainda traz problemas que parecem insuperáveis, como a violência contra as mulheres, a impossibilidade de ser dona do próprio corpo, a invisibilidade trans, e aquele machismo que está dentro de todos e todas sem que nem se perceba. Hoje olha-se para isso de maneira mais incisiva, o questionamento está cada vez mais presente, e por isso é interessante que o evento retorne, com mais vigor e um novo fôlego. “O intervalo, de certa forma, nos deu um distanciamento para podermos avaliar as primeiras cinco edições e aprumar rumo à inovação, renovação e ampliação dos conceitos, bandeiras e ideias os quais o festival preza – a equidade entre gêneros, a equidade salarial, o direito ao corpo, ao amor livre, a viver em paz sem violência”, afirma Daniella.
Abertura
A noite fria da cidade Chapada dos Guimarães contrastava com o calor da apresentação de Hendson. Em seu pocket show, o cantor homenageou a diva Aretha Franklin, falecida no mês passado, com músicas como “Natural Woman”, “Respect” e “I Say a Little Prayer”, e mostrou parte de seu repertório autoral.
A artista plástica Regina Pena, uma das homenageadas desta edição mandou o seu agradecimento mandou em vídeo o seu agradecimento, já que, por questões de saúde, não pode viajar até o festival. Ela lembrou os 12 anos que morou na Chapada e falou sobre a alegria de ser homenageada, além de destacar a importância do retorno do evento no momento atual. “Vem num momento em que questões de feminicídios, violência familiar, violência doméstica, machismo e racismo estão sendo levantadas”.
Em seguida, foi apresentado o primeiro programa da mostra competitiva, bastante voltado para a questão da maternidade e do corpo da mulher, com os curtas A Gente Nasce Só de Mãe, de Caru Roelis; A Passagem do Cometa, de Juliana Rojas; Impermeável Pavio Curto, de Higor Gomes; Simbiose, de Júlia Morim, e Um Corpo Feminino, de Thais Fernandes.
Além das exibições, o Tudo Sobre Mulheres traz à cidade uma programação variada, com debates, mesas temáticas e a oficina Teoria Geral de Séries. Apresentações de companhias de teatro, shows, lançamento de livros, feira de artesanato, dança e exposição de artistas locais,
SERVIÇO
IV Tudo Sobre Mulheres – Festival de Cinema Feminino de Chapada dos Guimarães
Data: 5 a 9 de setembro de 2018
Local: Chapada dos Guimarães – Mato Grosso