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O Círculo

(The Circle, UAE/EUA, 2017)
Ficção científica
Direção: James Ponsoldt
Elenco: Emma Watson, Ellar Coltrane, Glenne Headly, Bill Paxton, Karen Gillan, Tom Hanks, John Boyega, Patton Oswalt
Roteiro: James Ponsoldt, Dave Eggers
Duração: 113 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

Já faz um tempo que a tecnologia transformou o mundo. A hiperconectividade, o acesso instantâneo à informação, a superexposição e a praticidade das mídias alteraram o funcionamento e ordenamento das coisas. No mundo de hoje, já habituado com essas mudanças, as relações e até mesmo o indivíduo são completamente diferentes do passado, há muito mais exposição e, obviamente, controle.

Natural, portanto, que surjam obras retratando esse novo mundo, seus novos habitantes e implicações da tecnologia no cotidiano. Documentários e ficções tentam dar conta das pessoas por trás da mudança, do que existe hoje, objetivos alcançados, potencial, problemas e, ao mesmo tempo, outros tentam fazer uma previsão do futuro. Os exemplos vão de A Rede Social a Zero Days, de Terms and Conditions May Apply à série televisiva Black Mirror.

O Círculo, com Emma Watson (A Bela e a Fera) e Tom Hanks (Sully) no elenco, é baseado em obra homônima de Dave Eggers (Onde Vivem os Monstros), que assina o roteiro juntamente com o diretor James Ponsoldt (O Fim da Turnê). Obviamente inspirado em empresas gigantes atuais, como a Google, o filme conta a história de uma companhia que tem braços tecnológicos para todos os lados, da saúde à rede social. É lá onde Mae vai trabalhar, graças à indicação de uma amiga que já é funcionária.

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O emprego é o dos sonhos, com todo tipo de benefício que se possa esperar. Mae está feliz, mas não deixa de achar estranho o que presencia cotidianamente e desconfia das intenções e dos resultados de vários acontecimentos. Essa “conscientização” da personagem tenta conduzir o espectador pela trama.

Porém, não há qualquer profundidade no que é mostrado, embora Watson faça o que dela se espera e Hanks traga alguma simpatia à tela, está tudo tão perdido, tão equivocadamente esmiuçado e desconexo, que não é possível se envolver com o filme.

Há personagens demais com desenvolvimento de menos, e uma vontade de falar de muitas coisas das quais ou não se tem certeza, ou não se tem tempo. As pessoas aparecem e se vão sem muita preocupação e só situações forçadas possibilitam o seguimento à história.

Entre tantas obras superiores sobre o mesmo tema, O Círculo é um filme sem grandes atrativos, e que desperta mais tédio do que qualquer outra emoção. Mal elaborado e mal executado, nem mesmo falando de um assunto tão presente e atual, chega lá.

Um Grande Momento:
Tem não.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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