Crítica | FestivalMostra SP

Dark Blood

(Dark Blood, EUA/GBR/NDL, 2012)

Suspense
Direção: George Sluizer
Elenco: River Phoenix, Jonathan Pryce, Judy Davis
Roteiro: Jim Barton
Duração: 86 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

River Phoenix (O Peso de um Passado) era um ator diferente. A carreira começou cedo e, desde seus primeiros papéis, ele impressionava pela capacidade interpretativa. Ele sentia, incorporava e atuava sempre com uma devoção exemplar. Porém, morreu cedo demais. Quando faleceu, estava no meio de um projeto. Havia começado a filmar Dark Blood, do diretor George Sluizer (Utz).

O filme ficou na prateleira esquecido e inacabado, até que o diretor, após uma doença grave, resolveu que seria injusto que o filme não fosse visto por todos. Reescreveu o roteiro e começou a montagem com o material que tinha em mãos.

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Ao apresentar o filme aos espectadores, o próprio diretor conta sobre a dor da perda de Phoenix e explica que tudo o que se verá a seguir é uma tentativa. Usando suas palavras, é como se tivéssemos uma cadeira de duas pernas que, com algumas intromissões ganharia mais uma. “Ainda falta uma perna, mas a cadeira pelo menos pode ficar em pé”.

No filme, um casal escolhe o interior dos Estados Unidos para comemorar os doze anos de casados. A paisagem árida e cheia de cânions serve de pano de fundo para um casamento desgastado. Ele é ator e ela, uma dona de casa e ex-coelhinha da Playboy. Tudo corre dentro do esperado, até que o carro em que viajam, um antigo Bentley, começa a apresentar problemas. É assim que eles conhecem o estranho e solitário jovem vivido por Phoenix.

Aproveitando o material existente e preenchendo as lacunas nunca filmadas com a leitura das passagens pelo próprio diretor, o filme vai se construindo.

Boas atuações, incluindo as de Jonathan Price (Carrington – Dias de Paixão) e Judy Davis (Maridos e Esposas), como o casal, tornam a impressão de ausência menos incômoda e a solução do diretor para completar seu filme, ainda que não muito funcional, acaba sendo mais interessante do que a própria história.

No final das contas, vale a pena pela possibilidade de ver River Phoenix em ação, um registro que se perderia no tempo. Sluizer presta uma bela homenagem póstuma a Phoenix, mas Dark Blood não deixa de ser um filme incompleto.

Um Grande Momento:
Um carro está vindo.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=6OHjl4KTspw[/youtube]

[36ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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