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Depois da Chuva

(Depois da Chuva, BRA, 2013)

Drama
Direção: Marília Hughes, Cláudio Marques
Elenco: Pedro Maia, Sophia Corral, Talis Castro, Victor Corujeira, Ricardo Pisani, Aicha Marques, Paula Carneiro, Zeca de Abreu
Roteiro: Cláudio Marques
Duração: 90 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

O ano de 1984 foi um ano agitado para o Brasil. Era o começo do fim de anos de perseguição e medo, o fim da ditadura militar. O povo voltou a ir às ruas, queria de volta o seu direito de voto. O movimento Diretas Já mobilizou multidões, mas findou frustrado. No ano seguinte, um colégio eleitoral escolheria quem seria o primeiro presidente civil depois de 20 anos de militares no poder.

O período foi conturbado também na vida de Caio, um adolescente inconformado com a escola e com a inércia da população. Entre experimentações, muito punk rock, transmissões de rádio pirata, distribuição de fanzine e tentativas de contato com a mãe, ele ainda achava tempo para descobrir as coisas naturais da adolescência.

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O longa-metragem dos baianos Marília Hughes e Cláudio Marques consegue transmitir bem a realidade de um adolescente e suas inseguranças, certezas absolutas e uma vontade enorme de deixar uma marca. Além disso, a produção cuidadosa, faz uma boa reconstituição de época e, com elementos marcantes, como capas de LP’s, comerciais de televisão e trechos de matérias televisivas, traz de volta aquele momento, principalmente para aqueles que tinham a mesma idade de Caio quando tudo aquilo acontecia.

A história juvenil segue a trajetória de outras que contam histórias parecidas, mas ganha pontos pelo bom elenco juvenil e pela naturalidade com que o roteiro evolui. A boa trilha sonora original, com instrumentos inusitados, e a adaptada, repleta de músicas da época, também acrescentam à história. Assim como a fotografia de Ivo Lopes Araújo (Girimunho) e a participação impressionante de Aícha Marques como a mãe de Caio.

Mas as coisas começam a ficar confusas a partir de um certo ponto. A necessidade de inserir uma subtrama mais forçada, chegando quase a uma desprotagonização no final do filme para justificar alguma tensão, complica as coisas. É a partir deste momento que outras falhas, como o prolongamento exagerado de algumas cenas ou a mudança de ritmo da narrativa, começam a incomodar.

Mesmo com alguns defeitos, alguns mais graves que os outros, Depois da Chuva é um filme cuidadoso, que se preocupa em contar uma boa história e que demonstra toda a capacidade dos dois diretores, seja com atores, seja na construção de planos. Um pouco mais de desprendimento na sala de edição teria feito muita diferença.

Um Grande Momento:
Colo de mãe.

Depois-da-chuva_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Csmkl8sRS2A[/youtube]

[46º Festival de Brasília]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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