(Dheepan, FRA, 20015)
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Jesuthasan Antonythasan, Kalieaswari Srinivasan, Claudine Vinasithamby, Vincent Rottiers, Faouzi Bensaïdi
Roteiro: Jacques Audiard, Thomas Bidegain, Noé Debré
Duração: 109 min.
Nota: 6
Depois de mais de 25 anos de guerra civil, com um número de mortos que ultrapassa 70 mil, é natural que os sobreviventes de Sri Lanca buscassem novos caminhos para seguir. Assim, várias pessoas forjavam suas identidades e partiam para a Europa, buscando maneiras de recomeçar a vida.
Primeiro conhecemos Dheepan queimando seus mortos e, de certo modo, seu passado. Logo depois somos apresentados àque lá que viria a ser sua “esposa” Yalini. Em um acampamento de refugiados, ela tenta encontrar crianças que não tenham pais, e é quando encontra a jovem Illayaal. Com passaportes de pessoas mortas, os três serão uma família falsa na França.
Jacques Audiard (O Profeta) retrata com muita delicadeza a história dessas três pessoas que precisam aprender a conviver juntas e que, em meio a situação inusitada em que vivem, veem surgir os laços afetivos.
O local onde vão morar, uma espécie de condomínio de prédios na periferia, é dominado por uma gangue de imigrantes. Dheepan trabalha como zelador do complexo e sua “esposa” como cuidadora do pai do chefe do local. Enquanto isso, a menina Illayaal começa a frequentar a escola e vai aprendendo a falar o francês.
O roteiro é muito bem cuidado, principalmente por tratar o previsível de uma maneira simples e pouco afetada. Mesclando bem acontecimentos vinculados aos traumas daqueles personagens ou às suas esperanças, envolve o espectador.
Tecnicamente o filme também é interessante, com destaque para a fotografia de Éponine Momenceau (Made in Bolivia) e a montagem de Juliette Welfling (O Escafandro e a Borboleta). Entre as atuações, todas muito corretas, o destaque fica para Kalieaswari Srinivasan, como Yalini.
Tudo vai muito bem, até que o diretor francês acaba escorregando na vontade de enfiar no filme uma ação forçada e muito díspar de tudo que se viu até então. Lembrando as películas mais rasas do gênero, transforma seu protagonista em uma máquina de matar, com direito a tiros e explosões.
A sequência parece um comercial, como se fizesse parte de outro filme e fosse ali inserida sem nenhuma necessidade. Já tínhamos a guerra que originou tudo aquilo e já conhecíamos o passado de Dheepan, nada daquilo faria alguma diferença.
Pior do que isso, saca o espectador de uma história que ele tinha interesse em acompanhar e impossibilita seu retorno. Muda o clima e a intenção de quem assiste ao filme.
Um Grande Momento:
Primeiro dia de aula.
Links
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[39ª Mostra de São Paulo]