Crítica | Streaming e VoD

Yaksha – Operação Implacável

Genérico azeitado

(Yaksha: Ruthless Operations, PKR, KOR, 2022)
Nota  
  • Gênero: Ação
  • Direção: Na Hyeon
  • Roteiro: Na Hyeon
  • Elenco: Park Hae-Soo, Sol Kyung-Gu, Hiroyuki Ikeuchi, Lee El, Park Jin-Young, Song Jae-Rim, Lee Soo Kyung, Yang Dong Geun, Jin Kyeong
  • Duração: 125 minutos

O que justifica filmes orientais terem tanta aceitação no Ocidente se não uma nova ordem natural, começada nas últimas duas décadas, que normatizaram a cultura de suas produções serem cada vez mais valorizadas? Isso aliado a um boom do crescimento do interesse de suas filmografias efetivas, os países do Oriente tem investido em massificação de sua, digamos, marca pelo mundo. Se até os anos 1990 o que se consumia dos países orientais (China, Japão, Irã, Coreia do Sul, Vietnã, etc) eram a nata do cinema “de arte” – que acabou virando slow cinema, e nesse momento já deve ter uma nomenclatura nova – de 2000 pra cá, o cinema de gênero acabou sendo descoberto fora de sua área.

É aí que entra o interesse crescente, por exemplo, de uma plataforma de streaming como a Netflix em lançar mensalmente inúmeras séries e longas metragens vindos dessa região do mundo, e abarcando uma legião de fãs cada vez maior. Yaksha – Operação Implacável está há três dias entre os mais assistidos do canal e não surpreende. O filme contempla o público que vibra com os produtos sul-coreanos disponibilizados, assim como tem potencial de alcançar quem não liga muito para sua nacionalidade. O filme tem a linguagem universal do cinema de ação produzido nos Estados Unidos, com o tempero de artes marciais que eles colocam para deixar a mistura típica e ainda mais saborosa.

Yaksha - Operação Implacável
Jeong Kyung-hwa/Netflix

A trama é uma maçaroca de espionagem que coloca Japão, China e as duas Coreias em rota de colisão por segredos muito bem guardados por um grupo de agentes do governo nada convencionais. Adeptos do “atire primeiro e pergunte depois”, eles são mantidos sob rédea frouxa porque conseguem resultados dentro dos padrões que não obedecem. Até que um inspetor certinho (na verdade, um promotor afastado cuja intenção é recuperar o antigo cargo) dá uma incerta entre eles, e acaba por descobrir os prós e os contras de ser osso duro de roer. Naquele esquema de mundos apartados que se encontram para choque inevitável e futuro entendimento de cada lado de suas equações.

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Como convém a essa narrativa, lógico que todos sairão mudados e tendo plena consciência de como é difícil estar do outro lado, seja esse lado qual for. No meio do caminho, até Ji-Hoon, o lado mais comportado e recém chegado do tal grupo, se mostrará muito mais habilidoso do que se poderia imaginar, enquanto Kang-Inn também tem sua carga emocional muito bem guardada do seu grupo de amigos. É uma produção que não tem muita novidade para apresentar de qualquer ponto de vista, seja narrativo ou técnico, mas que funciona ao público sedento por novidades na área do entretenimento escapista sem compromisso; usou e esqueceu.

Yaksha - Operação Implacável
Jeong Kyung-hwa/Netflix

O diretor Nah Hyeon está em sua segunda incursão atrás das câmeras e tem uma mão que se apresenta de maneira diferenciada em sua sequência inicial, mostrando potencial para um filme menos enlatado. Trabalha toda a geografia presente às cenas e a fotografia tem destaque positivo, realçando tanto o balé de corpos quanto a coreografia da própria captação de imagens. A partir do minuto 6, no entanto, tudo adquire um ar meio repetitivo, sem sequer demonstrar a preocupação estética que reside em seu deslanchar. Ao longo da produção, vemos que em outros momentos – como na cena do resgate de um corpo alvejado na praça – o filme tenta comprometer-se com algo mais arrojado, mas no conjunto se trata de uma produção com baixas pretensões.

Yaksha – Operação Implacável conta com um bom elenco, que dá conta do que é exigido, seja na vertical ou na horizontal – ou seja, em pé contracenando ou deitado lutando. São coreografias boas que chamam a atenção na medida certa, para desafogar a constante espiral de eventos do filme, com pessoas traindo em profusão umas às outras. O que o filme quer na verdade é vender seu peixe de ação o mais rápido possível e engatilhar uma possível continuação, que fica meio clara na intenção de colocar o grupo de anti-heróis durante os créditos. Pode vir a ser uma franquia gostosinha para acompanhar no futuro.

Um grande momento
A abertura

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Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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