Críticas

Dolittle

(Dolittle, EUA/CHN/GBR, 2020)
Fantasia
Direção: Stephen Gaghan
Elenco: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen, Jim Broadbent, Jessie Buckley, Harry Collett, Emma Thompson (voz), Rami Malek (voz), John Cena (voz), Octavia Spencer (voz), Tom Holland (voz), Craig Robinson (voz), Ralph Fiennes (voz), Selena Gomez (voz), Marion Cotillard (voz), Kasia Smutniak, Carmel Laniado
Roteiro: Stephen Gaghan, Dan Gregor, Doug Mand, Chris McKay, Thomas Shepherd
Duração: 101 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Quando se vê em 2020, mais uma vez, Dr. Dolittle nos cinemas, a pergunta que vem à cabeça é: “por quê?” Será que faltam novos livros de fantasia infantis a serem adaptados? Novas histórias originais, talvez? Será que é preciso resgatar filmes antigos? Bom, antes que se confundam as coisas, vale ressaltar que o Dolittle de Downey Jr. nada tem a ver com o de Eddie Murphy. Enquanto este tinha o dom de falar com os animais desde criança, aquele é uma espécie de continuação do musical de 1967, O Fabuloso Doutor Dolittle, primeira adaptação dos livros infantis de Hugh Lofting.

No musical, um médico sem muito tato para humanos e apaixonado por animais, depois de um dia de caos, resolve largar tudo e aprender a linguagem de todos eles, além de descobrir novas espécies. Assim ele vira o Dr. Dolittle. O romance no filme original ainda era com Emma, sobrinha do magistrado da cidade e não com Lily e não havia esforço algum para salvar humanos (a não ser que fossem eles próprios).

O novo filme ainda aposta na fantasia, mas não abre mão de toda tecnologia que tem a seu dispor, seja na recriação dos animais ou na criação de ambientes. Além de efeitos especiais e o trabalho do atores, o diretor Stephen Gaghan ainda usa a animação para ambientar os espectadores em um longo prólogo, economizando boa parte do tempo e deixando um bom espaço para apresentar os muitos personagens de sua história.

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O mais divertido em Dolittle está mesmo no começo da real aventura, quando a trama se revela e a trupe parte em busca do diário de Lily e da árvore. É quando Robert Downey Jr. está mais confortável com o personagem e quando o fofo Harry Collett ganha algum destaque como a nova versão – muito mais interessante – de Tommy Stubbins. A passagem pelas terras do rei Rassouli, com a participação especial de Antonio Banderas, agrada particularmente as crianças, que, ao contrário, ficam um pouco assustadas com as cenas dentro da caverna.

Interessante é que assistir ao filme acaba respondendo, de certo modo, às perguntas feitas no começo do texto. Há uma inadequação tão grande no filme dos anos 1960, com relação a tantas coisas, que valia o livro ter uma outra abordagem, mais atualizada. O modo como as mulheres eram tratadas e retratadas, por exemplo, era pavoroso. Não que esteja excelente agora (você vai ficar e cozinhar para ela), mas melhorou muito.

No fim das contas, Dolittle é diversão familiar, de apreensão fácil e rápida, que lembra os muitos títulos assistidos durante a Sessão da Tarde nos anos 1970/80. Segue todos os passos esperados e previsíveis de um filme do gênero, com mocinhos, vilões, ansiedade, previsibilidade e conclusão. Não tem nada demais, mas até que diverte bem. Principalmente os mais novos.

Um Grande Momento:
Barry.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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