- Gênero: Drama
- Direção: Stella Hopkins
- Roteiro: Stella Hopkins
- Elenco: Anthony Hopkins, Lisa Pepper, Aaron Tucker, Tara Arroyave, Fran Tucker, Anthony Apel, Julieta Ortiz, Danny Jacobs
- Duração: 95 minutos
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“As pessoas preferem morar numa casa mesmo que ela seja cinza”
Para Elyse, o mundo é cinza e monótono. Nada a inspira. Ela está subitamente perdendo a sanidade e tendo um surto psicótico. Mas o que incomoda mesmo é saber que tipo de surto acometeu os produtores. Porque nem a presença de Sir Anthony Hopkins dá uma trégua na ruindade de Elyse.
Já na abertura, Elyse vem com uma carga de cafonice que torna muito sofrido acompanhar o restante…. A trilha (um saxofone mal colocado), a fotografia (preto e branco com alguns itens destacados em vermelho) e a atuação de Lisa Pepper são os ingredientes desta receita estragada. Uma alusão de profundis à obra seminal de L. Frank Baum, O Mágico de Oz, a transição do passado cinza para o presente em cores…. É das coisas mais medonhas que o cinema já produziu, mesmo em se tratando de filmes feitos por estudantes de cinema ou amadores.
Com algumas similaridades de temas muito superficiais com Meu Pai, o filme que deu o segundo Oscar a Hopkins, como a conflituosa existência familiar e o ambiente do hospital psiquiátrico, as artificialidades passam longe de ser algo consentido estilisticamente em Elyse.
A esposa de Sir Anthony, Stella Arroyave Hopkins, é quem assina a direção dessa falha de percurso na carreira do ator britânico — até alguns dos Transformers que ele fez conseguem ser menos horrendos. Tara, a filha dela, ainda atua e produz o filme. O seu sócio na Margam Fine Art é Aaron Tucker, que inclusive interpreta sofrivelmente e sem nenhum traquejo o marido de Elyse.
Como que o estado é responsável por autorizar tratamento com eletrochoque e a família não, sendo uma prática super agressiva e arcaica? Entre xamãs, cortes de pulso e diagnóstico de Elyse como esquizofrênica ou borderline, o filme, com roteiro (?) de Audrey Arkins, ridiculariza a doença mental e não trisca na superfície do que poderia ser.
No divã do Dr Lewis, apenas conversas medíocres (mas que querem crer profundamente conectadas com a temática do filme) sobre Escher, o escaravelho, Jung, Freud, fotografia e infância. Chega a dar pena de Lisa Pepper, extremamente exagerada e deslocada na sua interpretação de Elyse. Mas ela não está sozinha já que todas as atuações são pífias — Hopkins está protocolar.
Os enquadramentos de câmera, ambientação, as locações, direção de arte configuram uma caricatura telenovelesca com fragmentos que não concatenam o núcleo dramático de uma história sobre uma mulher lutando contra sua doença. Catatônica, sendo maltratada por todos como ter qualquer tipo de coragem vinda do coração? Só resta ironizar mesmo o subtítulo que o filme ganhou no Brasil.
Os eventos absurdos, atos monstruosos e sequências constrangedoras expõem a sucessão de erros na construção da personagem e na evolução da história. Ao longo de meses Elyse progride pouco e o filme se arrasta. Até o arco do enfermeiro, nitidamente interessado na paciente (ética, adeus) não tem propósito dramático algum e só preenche silêncios.
Se existe uma coragem que vem do coração aqui, esta foi a necessária para realizar algo tão mal feito.
Um “grande” momento
O constrangedor baú de memórias