Crítica | Streaming e VoD

Exército de Ladrões: Invasão da Europa

Saem os zumbis, entram os assaltos

(Army of Thieves, ALE, EUA, 2021)
  • Gênero: Ação
  • Direção: Matthias Schweighöfer
  • Roteiro: Shay Hatten, Zack Snyder, Shay Hatten
  • Elenco: Matthias Schweighöfer, Nathalie Emmanuel, Ruby O. Fee, Stuart Martin, Guz Khan, Jonathan Cohen, Noémie Nakai, Christian Steyer, Dan Bradford, Tonya Graves, Trent Garrett, Barbara Meier
  • Duração: 127 minutos

Ludwig Dieter nos foi apresentado há seis meses atrás, e já carismático em Army of the Dead, o personagem ganha ainda mais relevo com o lançamento de Exército de Ladrões: Invasão da Europa hoje na mesma Netflix que transformou o longa de Zack Snyder em um dos maiores sucessos da plataforma. Aqui, a moldura da produção é outra (saem os zumbis – ainda que não totalmente – e entra o “filme de roubo”, que na essência era exatamente a proposta também lá), mas a abordagem climática se aproxima bastante daqui, um passatempo com o carimbo do streaming acima da média. Não há o frescor e a virulência do longa original, mas esse prequel vale ser visto inclusive por quem não curtiu o original, porque aqui o produto tem uma abordagem mais segura, talvez menos irregular.

Ponto interessante do projeto, o filme é protagonizado e dirigido por Matthias Schweighöfer, o intérprete do personagem central, que já está em seu quinto filme na direção. A experiência é traduzida na tela: o filme tem personalidade independente ao projeto-combo, e suas especificidades típicas do gênero que representa estão resguardadas. O filme é o primeiro desse grupo que pretende dar continuidade ao universo apresentado no longa anterior, que incluirão continuações e outros spin-offs de personagens. Ao mesmo tempo, se trata de uma produção que não precisa ser obrigatoriamente atrelada a um contexto maior – se o espectador tiver ou não visto o anterior, a diferença não é evidente para a apreciação ou entendimento. A conexão, no entanto, está lá e é muito divertido para quem já conhecia Ludwig.

Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Stanislav Honzik/Netflix © 2021

Quase um filme de personagem, Exército de Ladrões se dedica muito a Sebastian, batismo oficial de Dieter, a quem somos enfim apresentados em seu habitat natural pré-Las Vegas. Aficcionado por cofres, a história deles e em maneiras pouco usuais de acessá-los, ou seja arromba-los, Sebastian é uma figura amplamente carismática, que aparentava uma certa caricaturização no longa passado, e aqui tem seu perfil mais delineado. Com isso, sua figura é ainda mais facilmente comprada pelo espectador dessa vez, que o vê como figura central de um universo onde era apenas um elemento – dos mais interessantes, diga-se. Aqui, sua história se expande e suas escolhas parecem mais tradicionais, enquanto no original sua abordagem sugeria um desvio.

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A interpretação de Schweighöfer, no entanto, permite uma leitura pouco engessada a respeito do futuro Ludwig. Ele compreende aquele homem e inclui novas tintas a um lugar já reconhecido, sem perder as ideias anteriores. Era sugerido em Army of the Dead uma possibilidade LGBTQIA+ para Ludwig, e aqui ele tem uma paixão correspondida pela personagem de Nathalie Emmanuel, mas de alguma forma, seu contorno não é definido aqui, assim como também não o era lá. Seria interessante ver Ludwig desejar também o “galã” da produção, ainda que de maneira ultra suavizada? Sim, mas sua textura particular permite um olhar para a delicadeza, o que amplia seu leque. Um protagonista falível, com um relevo especial mas sem qualquer decoro mais aprofundado, transforma o projeto.

Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Stanislav Honzik/Netflix © 2021

Bebendo da fonte onde Onze Homens e um Segredo fez escola, original e remake, Exército de Ladrões tem montagem que cabe a esse gênero, ultra veloz para que o espectador não sinta o tempo passar nem se distraia, o suficiente para prender pelas suas duas horas, mas nada marcante ou especial, como era Army of the Dead. Ao mesmo tempo, a certeza de que esse desdobramento ainda nos trará novos filhotes, com possibilidades infinitas para acompanhar um grupo grande de pessoas com muitas curvas, anima o bastante para que a empolgação com o todo continue intacta. O filme não tem a agudeza apresentada por Snyder nem pretende elevar cinematograficamente seu entorno, mas isso não é um problema porque claramente não promete nada diferente disso.

Um grande momento
O segundo assalto

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Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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