- Gênero: Comédia
- Direção: Fernando Sanches, Afonso Poyart
- Roteiro: Matheus de Souza, Pablo Padilla, Cristiano Gualda, Bia Crespo, Fernando Sanches
- Elenco: Luciana Paes, Milhem Cortaz, Zezé Motta, Marcelo Serrado, Taumaturgo Ferreira, Otávio Müller, Gilda Nomacce, Ricardo Gelli, Ailton Graça
- Duração: 92 minutos
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No centro de uma grande cidade, mais exatamente na Zona Sul do Rio de Janeiro, comerciantes e lojistas de uma galeria sobrevivem aos trancos e barrancos. O lugar está velho, mal cuidado, cheio de dívidas e o terreno é cobiçado. Os amigos de infância Valentim (Marcelo Serrado), Kodak (Otavio Müller) e Eddie (Ailton Graça) trabalham no local e tentam bolar um plano infalível para salvar seus negócios e manter tudo como era antes. Eles trabalham em atividades que ou caíram no esquecimento ou são consideradas arcaicas: o primeiro tem uma videolocadora; o segundo, como o nome já entrega, é proprietário de uma loja de revelação fotográfica, e o terceiro tenta ganhar a vida fazendo truques de mágica em um quiosque localizado no piso térreo. Junto a outros comerciantes vividos por atores como Taumaturgo Ferreira e Zezé Mota, eles se reúnem no bar à espera de um milagre. E ele vem na forma de uma balinha colorida alucinógena.
O plot de Galeria Futuro é batido, mas é que nem aquela vitamina de banana ou Nescau que se tomava todo dia durante um período da infância: conhecidamente familiar e saboroso. O carisma do elenco e a condução até que simples resultam em algo satisfatório, por mais que oscilações existam – e boa parte delas ficam condicionadas às cenas com o vilão Mesbla, vivido por Milhem Cortaz como uma caricatura mafiosa.
Escrito por Matheus de Souza, Pablo Padilla, Cristiano Gualda, Bia Crespo e Fernando Sanches, tendo como produtores executivos os atores Marcelo Serrado, Otávio Müller e Cacá Diegues, o filme é dirigido por Fernando Sanches e Afonso Poyart. Este último imprime seu estilo videoclíptico que o fez despontar com 2 Coelhos, aqui mais comedido na composição visual e nos efeitos.
Galeria Futuro abraça a picardia, mas sem maldade, com um lado lúdico que brota da ingenuidade dos três amigos trapalhões aliada à engenhosidade e graça da manicure e maquiadora de filme pornô Paula. Aqui vale destacar que Luciana Paes já merece e não é de hoje – O Animal Cordial, Sinfonia da Necrópole – protagonismo em um ou mais filmes onde todo o seu talento possa ser utilizado na máxima potência.
“Esse é o celular mais seguro do mundo.
É aquele que explode né?!”
Luciana Paes é a Uma Thurman de Copacabana e é um ecstasy mesmo assistir ao terceiro ato delirante de uma maneira onírica e despretensiosa, com homenagens a Kill Bill e seu duelo de espadas, Esqueceram de Mim e suas armadilhas, Matrix e o bullet effect além daquele velho truque dos clássicos western spaghetti onde um dólar furado – ou um celular tijolão – salva o dia.
Existem uma eficácia, mesmo que não traduzida em risadas largas mas em alguns sorrisos mais brandos, na construção da moldura dessa Galeria Futuro como uma fábula que homenageia o passado, o cheiro de naftalina, a boa nostalgia e os bons filmes como invólucros de um heroísmo que ajuda a salvaguardar os sonhos de pé rapados. Mas a realidade é que nenhuma ficção é capaz de suplantar a especulação imobiliária e o lobby das igrejas evangélicas que compram cinemas, galerias e futuros para transformar em supostos templos de salvação.
Um grande momento
Paula delirantemente canta “Como eu Quero” do Kid Abelha