Drama
Direção: Nicole Holofcener
Elenco: Ben Mendelsohn, Connie Britton, Charlie Tahan, Thomas Mann, Edie Falco, Elizabeth Marvel, Victor Williams, Bill Camp, Michael Gaston
Roteiro: Ted Thompson (romance), Nicole Holofcener
Duração: 98 min.
Nota: 6
O mundo é um lugar de confluência de pessoas partidas, onde, acredita-se, apenas os hábitos estáveis sejam capazes de prevenir o caos. Disponível na Netflix, Gente de Bem, ou A Terra dos Hábitos Estáveis, no original, reafirma essa junção de seres imperfeitos e magoados, mas demonstra que contenções ou aparências não são capazes de prevenir explosões e tragédias. O caos está constantemente dentro de cada um e extravasa em pequenos momentos e detalhes.
O filme, dirigido por Nicole Holofcener (Amigas com Dinheiro), segue a linha padrão do cinema indie norte-americano, seja no ritmo, nas cores, nos diálogos ou na trilha sonora. que se vê na tela já foi visto algumas vezes antes, em estrutura e imagem, e não só no cinema da diretora. Porém, se há algo que Holofcener, de maneira geral, consegue fazer bem é desenvolver seus personagens. Sua adaptação para o cinema do romance de Ted Thompson, destaca características particulares e universais de forma equilibrada. Quando vai construir a imagem, busca essas associações e rejeições no espaço cênico.
Anders Harris (Ben Mendelsohn), o homem que cansou da vida que tinha e resolveu viver outras coisas, tem a sua insignificância para o mundo ressaltada nos deslocamentos, no modo constrangedor com que termina seus encontros, em como é visto por todos os que o cercam e até por si mesmo. É um homem deslocado em seu próprio ambiente, cercado por pessoas tão quebradas e deslocadas quanto ele.
Nessa construção do viver inercialmente, na contradição do movimento sem movimento, Gente de Bem encontra o seu ponto alto e sua principal conexão com quem assiste ao filme. Obviamente, exagera no tom e nos eventos, volta-se principalmente para uma única pessoa, mas fala do todo de maneira bem interessante.
Muito da força do filme vem da compreensão do personagem, e uma também possível identificação, por Mendelsohn. Sua postura retraída, a insegurança na fala e o olhar perdido tornam aquele personagem real.
Porém, por mais que consiga encontrar uma maneira de expor os sentimentos, o estar preso dentro de uma estrutura tão batida, tão não original, diminui bastante a experiência. É como ouvir várias histórias contadas por uma mesma pessoa, mesmo que os autores sejam vários. Ainda bem que, indo além do invólucro, há algo real a ser descoberto.
Um Grande Momento:
Entrando na casa.
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