The Sinner

Nosso lado obscuro nos faz estrangeiros de nós mesmos e às vezes nos deparar com abismos de outros nos faz lembrar de nossos próprios abismos. É por isso que The Sinner da Netflix nos fascina tanto, nos prende em suas tramas e nos faz beber cada temporada em um shot.

Traumas sofridos tempos atrás podem levar as pessoas a cometerem atos (consciente e inconscientemente) terríveis e colocar vidas de pessoas, ou suas próprias, em risco. Esta é sempre a temática da série que conta com uma história diferente a cada nova temporada e que só tem o suspense psicológico e o personagem Harry Ambrose (Bill Pullman) que se repetem.

Bill Pullman, aliás, é um escândalo, criou um personagem tão complexo e cheio de detalhes que chega a nos fazer sentir junto, qualquer ciático pinça com suas caretas de dor e qualquer coração bombeia cada gota que existe de ternura para tentar ver um assassino frio como uma pessoa que, apesar de perigosa, precisa de ajuda e merece uma chance.

Uma jovem com uma vida aparentemente perfeita mata um homem com múltiplas facadas numa praia cheia de gente sem nenhum motivo aparente, um casal é morto por um garoto de 13 anos e um acidente de carro muito suspeito leva um professor do ensino médio ao colapso. E tudo num ritmo que dá o tom necessário para caber em 8 episódios e fritar o que há dentro de nós com tanta emoção e tensão, com reviravoltas e buracos que às vezes se metem.

Freud chamou isto de unheimlich que numa tentativa de tradução seria como um desfamiliar, ou o estranho. Este suspense e horror que vemos na trama nos atrai muito, nos faz visitar um lado monstro nosso, que nos é estranho e escondido, e nos possibilita a lidar com nossa agressividade e medo.

The Sinner é quase uma terapia, minha gente, por meio da vivência deste medo e deste imaginário, treinamos para viver situações angustiantes reais, então deixe o detetive que há dentro de você pirar nestes casos com Ambrose.

O Melhor Episódio
S03E08 – Parte VIII

Netflix

Série em Cenas