- Gênero: Ação
- Direção: Roel Reiné
- Roteiro: Cameron Litvack, Yalun Tu
- Elenco: Iko Uwais, Lewis Tan, Lawrence Kao, Jason Tobin, Pearl Thusi, JuJu Chan
- Duração: 94 minutos
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Cair de paraquedas em um longa-metragem derivado de uma série que você não conhecia não é uma tarefa fácil. Golpes de Vingança, estreia de hoje da Netflix, é uma continuação direta da primeira temporada de Assassinos Wu, série igualmente da Netflix de artes marciais e magia, que deve ter feito sucesso quando lançada há três anos – afinal, se rendeu um spin-off, é que uma gama de fãs deve ter. Já o crítico que vos fala, não fazia ideia de onde estava se metendo ao encarar a produção; saio ileso e um pouco mais divertido, como se tivesse voltado no tempo para a época do jovem Jean-Claude Van Damme, ou ao mais recente sucesso Ong Bak (ok, já fazem quase 20 anos do primeiro).
Roel Reiné é um holandês que dirigiu a série e está de volta para o filme, que expande o seu universo para que novos capítulos possam surgir, já que uma segunda temporada nunca aconteceu. Ele é especialista no universo em questão, e já dirigiu inúmeros similares, que passeiam por ser uma divertida sessão da tarde de outrora até chegar em momentos de violência mais explícita, embora as demonstrações de leveza em um universo quase cartunesco esteja sempre presente. O talento do diretor está em nos fazer envolver por uma trama estapafúrdia com sentido quase inexistente ao mesmo tempo em que nos empolgamos com aquelas cenas de pancadaria surreais demais para serem levadas a sério.
Na pauta do dia, a irmã de um dos rapazes de um trio de amigos foi morta no derradeiro episódio da série, e aqui eles seguiram até Bangkok na esperança de encontrar pistas sobre o assassino da moça. Eles sabem que provavelmente o interesse do crime foi na força paranormal que um deles, Kai, tem, que o leva a lutar de maneira sobrenatural. Daí o filme descamba para (obviamente) um conceito de dominação global através de deuses ancestrais da magia incorporados em grandes oligarquias contemporâneas e assassinas vorazes e jovens descoladas e, bem, a salada vai agregando tudo que passar pelo caminho, parecendo que nunca é o bastante.
O que importa mesmo, todos sabemos, são as sequências de luta, e é para isso que os aficcionados prestarão atenção – até porque, o sentido do roteiro vai sendo esticado e comprometido a cada novo bloco de cenas, ou seja, não convém esperar muito da maçaroca oferecida. A ação sim, essa é exemplar em grande parte do tempo, porque explora as qualidades de um grupo de profissionais que já entregou entretenimento de qualidades, tais como Iko Uwais (de Operação Invasão), Lewis Tan (de Mortal Kombat) e Lawrence Kao (de Max Steel), todos envolvidos em sequências tão divertidas quanto tensas, fazendo valer o play que demos na plataforma de streaming.
Ainda que próximo ao clímax o filme crie um plano-sequência desnecessário para mostrar as aptidões de seu diretor, que nada faz a não ser virar a câmera de um lado para o outro e transformar as coreografias tão bem acabados em arremedos dos antigos telecaths, parecendo um grupo circense num picadeiro onde os golpes passam bem longe de ser efetivos, Golpes de Vingança é um entretenimento inofensivo para quem curtiu tudo que foi citado no texto, mas que não procura uma carpintaria lá muito requintada. Mesmo para os amantes do gênero, é bom deixar claro que estamos diante de um produto sem maiores acabamentos.
Um grande momento
A luta contra a cretina