- Gênero: Suspense
- Direção: Stacey Gregg
- Roteiro: Stacey Gregg
- Elenco: Andrea Riseborough, Martin McCann, Jonjo O’Neill, Eileen O’Higgins
- Duração: 83 minutos
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Algumas coisas são muito difíceis de se entender no cinema lá fora. Uma delas, particularmente, me intriga há alguns anos. Em 2008, uma atriz britânica foi indicada ao Bafta por sua atuação como Margareth Thatcher em um telefilme. Cinco anos depois, recebeu nova indicação, agora de estrela em ascensão. Não ganhou nenhuma das duas vezes. A atriz era Andrea Riseborough, e é muito estranho pensar em como uma das melhores intérpretes da atualidade continua tão pouco mencionada por aí. Dona de seus papéis, ela consegue do mistério envolvente de Mandy ao trauma silencioso de Luxor e a muitos outros lugares e sentimentos, como em Here Before.
No longa, ela dá vida a Laura, uma mãe enlutada que leva uma vida melancólica na tentativa constante de superar a morte de sua filha pequena. Com seu marido e filho adolescente, organiza uma rotina minimamente confortável e, embora traga a saudade no olhar, segue a vida dando chance às pequenas felicidades do cotidiano. Uma felicidade que começa a transformar-se em outro sentimento com a chegada dos novos vizinhos e sua filha pequena, Megan.
A diretora Stacy Gregg trabalha o tempo todo com essa dualidade de Laura, de um lado destaca seu esforço em buscar a normalidade, de outro não quer que a ausência seja menos relevante. Se está sempre buscando os detalhes da relação entre o trio da casa de Laura e a simpatia com a criança da casa ao lado, marca o espaço com cores escuras e uma ambientação quase sinistra que estimula o suspense e a angústia.
Here Before não é somente um filme onde a ausência se torna tão palpável que pode ser considerada um personagem, aqui ela vai realmente dando espaço a uma obsessão, mas uma obsessão que não parece ter apenas um indivíduo aficionado. Tanto Laura quanto Megan vão criando um vínculo inexplicável e quase doentio. O roteiro, assinado pela diretora, vai trazendo elementos para que a ligação e explicações que podem lembrar o mito do Sete Além, teorias reencarnatórias ou mesmo a ilusão simples.
Enquanto o espectador vai se perdendo entre os elementos oferecidos, as muitas passagens angustiantes de um passado realmente revivido e toda a atmosfera criada por Gregg, com a ajuda de Chlöe Thomson na direção de fotografia e Patrick Creighton na arte, a história vai tomando o seu rumo e, de certo modo, surpreende. Talvez seja algo espetaculoso e, em comparação com o resto do filme, apressado e disforme demais, mas nada que não seja pertinente para o que fora criado até então.
E, no centro de tudo, mais uma atuação irretocável de Riseborough, que vai da tristeza do luto à loucura da obsessão, da contenção da incredulidade ao grito contra a descrença alheia, em pequenos olhares ou em grandes gestos. Here Before é um suspense de trama simples, um enredo já visto antes, mas que traz em seus detalhes aquilo que o diferencia dos que vieram antes. Em seu emaranhado, é o lugar certo para a atriz mostrar tudo aquilo que pode fazer e nela encontra tudo aquilo que precisa para acontecer.
Um grande momento
O encontro na lanchonete