- Gênero: Ficção científica
- Direção: Fedor Bondarchuk
- Roteiro: Oleg Malovichko, Andrey Zolotarev
- Elenco: Irina Starshenbaum, Rinal Mukhametov, Alexander Petrov, Yuriy Borisov, Oleg Menshikov, Sergey Garmash, Evgeniy Mikheev
- Duração: 134 minutos
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Quando lança Incursão Alienígena assim em seu catálogo, a Netflix omite um dado que talvez faça bastante diferença ao espectador: o filme russo é uma continuação. E assistir ao seu antecessor, lançado em 2017, faz uma diferença boa aqui, pois, há pontos da história e personagens que só fazem sentido conhecendo-se aquilo que está no primeiro filme. Além dele ter uma motivação muito mais interessante e ser mais inventivo e visualmente instigante, apesar da vontade de falar de tudo ao mesmo tempo.
Fedor Bondarchuk, que curiosamente está na Netflix, mas como ator, no filme Estranho Passageiro – Sputnik, assina novamente a direção e até tenta resumir tudo num prólogo animado com imagens que se sobrepõem enquanto atualiza os espectadores dos eventos do passado. Os personagens ainda são os mesmos e a trama retoma os eventos do ponto onde pararam, com os russos ainda tentando dominar a tecnologia extraterrestre que não conseguiram entender. A roupa alienígena encontrada pelo gangue no namoradinho lá no primeiro filme e os estranhos poderes de Júlia são a chave para isso.
Incursão Alienígena é um acúmulo de facilidades, as coisas vão acontecendo à medida que ganchos são necessários para que a trama se desenvolva, e o roteiro de Oleg Malovichko e Andrey Zolotarev, não se contenta com pouco. Além da tensão de uma invasão alienígena e a movimentação militar/bélica que isso provoca, temos o retorno do extraterrestre por amor — ok, a franquia se baseia nisso –, mas temos também um emaranhado de eventos paralelos que vão desde aula sobre IA com maus tratos a cachorros-robôs até filho hospitalizado.
A quantidade de eventos esconde aquela que deveria ser uma das bases do filme, que é justamente a relação amorosa entre Júlia e Harikon. Meio atropelada para os que não viram todo o trelelê nascendo nos escombros daquele prédio em 2017, a paixão vira só um detalhe aqui, menos importante até do que a redenção de Artyom, ex- namorado tóxico e personagem mais barra forçada dos dois filmes. Já o outro lado do filme, o da invasão em si, com direito a muitos efeitos especiais, está lá firme e forte.
Bondarchuk perde ao abandonar o que tinha de mais artesanal e extrapola em tudo que destrói. O gosto por multidões se mantém, assim como a despreocupação com o excesso, não é à toa que o longa tem mais de 2 horas. Ainda assim, o filme Incursão Alienígena tem lá o seu charme enquanto uma produção que aborda a invasão alienígena de um lugar um pouquinho diferente daquele que estamos acostumados. Mesmo que a contaminação de tudo o que já vimos seja uma realidade, o fato de existir essa conotação do envolvimento e da não participação dos mocinhos habituais faz a diferença.
Porém, o inchaço torna a experiência mais confusa do que precisava ser. Enquanto a ficção científica é superficial aos que não viram o primeiro filme, a ação pode não ser constante para aqueles que estavam procurando por isso. Assim, Incursão Alienígena é um passatempo que deixa a desejar e acaba soando como pegadinha, já que chega como continuação sem nenhum aviso e, pior, sem dar ao espectador acesso ao começo da história além de um prólogo insuficiente.
Um grande momento
Júlia e Harikon na casa de campo
Uai, como chama o primeiro filme?