- Gênero: Documentário
- Direção: Rachel Fleit
- Roteiro: Rachel Fleit
- Duração: 106 minutos
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“Eu sempre soube que seria uma atriz coadjuvante”, fala Selma Blair a certa altura do documentário Introducing, Selma Blair, que acompanha parte do tratamento da atriz contra a esclerose múltipla. A frase, da atriz que ficou conhecida por seus papéis em Segundas Intenções, Hellboy e Legalmente Loira, mostra que, para além da doença, há várias camadas melancólicas trabalhadas. Não é uma experiência das mais fáceis.
Sem dúvida, há um incômodo pelo modo como diversas dessas camadas são abordadas e dispostas pela diretora Rachel Fleit. Ainda que assuma o risco de fazer um documentário sobre uma figura pública, com uma doença degenerativa e em tratamento experimental — e é preciso muita coragem para isso –, ela não resiste a certas apelações. Além de fazer questão, por mais de uma vez, de deixar explícito que o filme é uma vontade de Blair.
Porém, assim como há incômodos, o longa tem seus bons momentos. O começo é muito forte, com a atriz literalmente se recompondo para se apresentar ao espectador. Com sua maquiagem forte e seu turbante impróprio, ela se diz uma versão de Norma Desmond e se senta para falar da doença. Blair foi diagnosticada em 2018 e desde então luta contra seus efeitos, e alguns deles vão ficando evidentes à medida que a entrevista passa.
Introducing, Selma Blair é um documentário em forma de diário, que acompanha o cotidiano da atriz, conhecendo seus ambientes e hábitos, a doença e seus sintomas. Alguns resgates são feitos à medida que eventos acontecem, é assim com a carreira de atriz ou a relação com a mãe e o filho. A ideia de conhecer esses vínculos e lugares de “conforto” é buscar o sentimento de medo e incerteza que chega com o tratamento.
O objetivo de Fleit faz sentido e é alcançado, mas é justamente nessa terceira parte, quando está mais aberta ao sofrimento e encontra sua documentada mais fragilizada que a diretora se complica ao explorar mais do que precisava e, por vezes, ultrapassar limites que já teriam sido compreendidos — e sentidos — sem precisar estar na tela. Se há coerência na escolha de passagens, falta sensibilidade em outras.
Porém, não dá para invalidar todos os bons elementos que estão no filme, como as boas composições do diretor de fotografia Shane Sigler ou mesmo toda a intimidade que a diretora estabelece com sua documentada. Ainda que tenha seus tropeços, tanto o tema quanto a personagem, pela complexidade que vai além do óbvio, fazem de Introducing, Selma Blair um filme que merece ser conhecido.
Um grande momento
Se arrumando