- Gênero: Ação
- Direção: Brian Andrew Mendoza
- Roteiro: Gregg Hurwitz, Philip Eisner
- Elenco: Jason Momoa, Isabela Merced, Manuel Garcia-Rulfo, Amy Brenneman, Adria Arjona, Milena Rivero, Justin Bartha, Raza Jaffrey
- Duração: 96 minutos
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O que Justiça em Família tem de eficiente na sua construção dramática da ação, do gênero thriller em seus clichês, positivos ou negativos, tem de banal na realização. O filme, estreia de hoje na Netflix, é mais um filme a se empilhar em uma caçamba de lançamentos semanais, mensais, anuais, que se avolumam e não fazem muito sentido continuar a serem produzidos para não apresentar mais nada de novo. Qual a diferença entre assistir essa produção e rever, por exemplo, coisas como O Fugitivo ou Acima de Qualquer Suspeita, sucessos de Harrison Ford dos anos 1990 ainda excepcionais hoje, e aqui numa versão requentada e sem personalidade?
Dirigido por Brian Andrew Mendoza, que é um produtor “faz-tudo” e aqui estreia na função, o filme é um produto, explicitamente. Elaborado para consumo de massa sem contra indicação, seu maior problema é não agregar valor a seu material. Ainda que tenha fotografia do prestigiado Barry Ackroyd (de Guerra ao Terror), o filme se apresenta de maneira genérica e repetitiva, ainda que entretenha de verdade. Mas o que é apresentado aqui não difere do que foi feito nos últimos 40 anos em larga escala, provavelmente vai angariar muitas visualizações esse mês, mas em breve será esquecido, antes mesmo do próximo produto idêntico estrear.
Tendo em mãos uma ideia sobre conluio de conglomerados farmacêuticos com o governo para impedir o avanço da população a curas mais efetivas e rápidas a doenças, o roteiro dos inexperientes Philip Eisner e Gregg Hurwitz (ambos não acumulam quatro titulos no currículo) deixa escapar uma chance de aprofundar uma discussão séria e premente para valorizar o esperado, sem que o igualmente novato Mendoza consiga resultado diferenciado na condução das imagens. Existiria a possibilidade de transformar Justiça em Família em uma espécie de Erin Brockovich anabolizado, mas conforme avança, percebemos que as intenções aqui eram ainda mais modestas.
Lá pelas tantas, ao adentrar a reta final, o roteiro saca uma virada surpresa de dentro da cartola, e com certeza será esse o dado que marcará a produção, aquele detalhezinho que fará com que alguém ainda se lembre do filme por um pouco mais do que uns dias. Mas essa virada acaba sendo mais um ponto de dúvida da produção que já contava com um trabalho de som inconstante e alguns problemas de continuidade. Daquelas sacadas que mudam toda nossa percepção em relação a trama, a tal surpresa não faz lá muito sentido se analisarmos cena a cena o que se sucedeu até então, ainda que o filme tenha sim tentado amarrar essas contradições.
É por essa tentativa de charme que o filme consegue sustentar um interesse posterior e uma análise menos corriqueira. Acrescido a isso, temos uma genuína tentativa do astro Jason Momoa (de Aquaman) em deslocar sua imagem a de um brucutu, e humanizando um personagem trágico em cenas verdadeiramente comoventes, como a posterior ao falecimento da esposa; o ator se empenha e o reconhecimento precisa ser feito. Esses dois elementos, mais o carisma da jovem Isabela Merced, colocam Justiça em Família fora da área da indigência absoluta, ainda que esses quesitos não elevem o resultado geral final.
Um grande momento
O encontro na lanchonete
Filme horrível, a reviravolta em cenas não faz sentido nenhum.