Crítica | Festival

La Próxima Estación

(La próxima estación, ARG, 2008)

A diferença entre o bem público e o privado são o tema principal do novo filme de Fernando E. Solanas. Grande documentarista, o diretor sempre ganha pontos ao subverter o gênero e valorizar sua visão dos fatos narrados. Mas o faz com uma estrutura tão bem montada, com a eleição de personagens e elementos tão marcantes que é difícil sair do cinema achando ruim o que acabou de ver, por mais planfletário que tudo tenha sido.

Claro que a visão de alguém de extrema direita ou daqueles que se consideram extremamente imparciais pode ser diferente desta e o filme não seja visto até o final

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Em La Próxima Estación, com a sala vazia de espectadores muito mais interessados em tirar fotos com os glamurosos astros da Malhação e d’Os Mutantes, vemos o sucateamento sucessivo da rede férrea argentina. Uma colagem de fatos nos mostra toda a história do meio de transportes sobre trilhos ali e mostra como ficou a vida daqueles que dependiam dos trens para viver ou se conectar com o resto do país.

O jeito de contar a história é o tradicional. A narração intercala as imagens e a história é divida em capítulos, como se cada um fosse uma estação. A estrutura, porém, pode ficar cansativa para alguns e aborrecer.

Mas os personagens escolhidos são tão cativantes e sinceros que fazem a diferença. Impossível ficar alheio aos guardas do trem que entendem porque são maltratados, os moradores da cidadezinha com apenas 600 habitantes que resolveram revitalizar a sua estação e montaram uma peça, o emocionado ex-funcionário que dizia aos amigos para não devolverem seus instrumentos de trabalho aos antigos empregadores e por aí vai.

Some-se a isso a trilha sonora original de Gerardo Gandini e a sempre linda fotografia de Solanas.
Um daqueles filmes que valem a pena ver.

Um Grande Momento

O depoimento da devolução é demais.

Documentário
Direção: Fernando E. Solanas
Roteiro: Fernando E. Solanas
Duração: 107 min.
Minha nota: 8/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Vinícius P.
Vinícius P.
12/08/2009 00:20

"com a sala vazia de espectadores muito mais interessados em tirar fotos com os glamurosos astros da Malhação e d'Os Mutantes", uma pena, já que parece ser o tipo de longa que merece o reconhecimento do público. Eu mesmo, se estivesse lá, com certeza veria!

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