Crítica | Streaming e VoD

Luciferina

(Luciferina, ARG, 2018)
Terror
Direção: Gonzalo Calzada
Elenco: Sofía Del Tuffo, Marta Lubos, Pedro Merlo, Malena Sánchez, Francisco Donovan, Stefanía Koessl, Gastón Cocchiarale, Desirée Gloria Salgueiro, Tomás Lipan, Vando Villamil, Victoria Carreras
Roteiro: Gonzalo Calzada
Duração: 111 min.
Nota: 2 ★★☆☆☆☆☆☆☆☆

Desde que Rosemary teve o seu bebê, o cinema vem tentando emplacar uma nova concepção demoníaca, mas sem tanto sucesso. Luciferina, disponível na Netflix, é mais uma dessas tentativas.

Com a doença do pai, uma jovem noviça retorna para a casa da família, que abandonou anos antes. Lá precisa encarar o seu passado – literalmente já conhecido pelo espectador desde a barriga da mãe – e enfrentar o destino que a aguarda.

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O filme faz um mix de imaginação e histórias batidas. Há conflitos familiares, relações abusivas, possessões mal compreendidas, uma protagonista que vê as luzes das pessoas, um ritual de ayahuasca, uma freira/bruxa/curandeira que tem todas as respostas, e por aí vai. A geleia geral é tão grande que falta tempo e espaço para resolver melhor os conflitos e aprofundar os personagens.

Aliás, além de Luciferina e Abel, não se percebe nenhum apego ou cuidado a qualquer outro personagem. A frieza do roteiro com eles é impressionante, todos estão ali apenas para cumprir tabela e não fazer falta.

A trama também não é nenhum primor, demora muito tempo para chegar onde quer e trazendo as soluções de maneira atabalhoada. A montagem também não consegue se acertar com o ritmo. Além disso, sobram artifícios infelizes para justificar as ações, como o off de algo que acabou de ser ouvido para que se chegue ao final de maneira bem explicada.

Tudo tão distante e absurdo que fica difícil acreditar que algo além da plasticidade das cenas entre Luciferina e o demônio fora realmente pensado. É como se o filme tivesse nascido todo para aquela sequência, como se fosse uma desculpa para que aquele momento existisse.

Aí fica aquela pergunta que volta e meia se faz no cinema: mas, se o objetivo era esse, não dava para ser um curta?

Um Grande Momento:
Luciferina e o Demônio.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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