Drama
Direção: Cory Finley
Elenco: Hugh Jackman, Allison Janney, Geraldine Viswanathan, Ray Romano, Welker White, Annaleigh Ashford, Stephanie Kurtzuba, Kathrine Narducci, Jeremy Shamos, Catherine Curtin,
Roteiro: Mike Makowsky
Duração: 108 min.
Nota: 7
Em 2004, o superintendente da escola pública de Roslyn, Frank Tassone, foi pego no maior escândalo de desvio de verbas educacionais dos Estados Unidos. Uma história como essa, somada à personalidade dúbia do educador, ao mesmo tempo querido por toda a sociedade e extremamente vaidoso, é, sem dúvida, uma grande possibilidade para o cinema. E assim surge no canal pago HBO e em sua plataforma de streaming Má Educação, filme sobre Tassone e sua assistente, Pam Gluckin, principais beneficiados com o dinheiro desviado. O roteiro é de Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now), ex-aluno da escola, e a direção de Cory Finley (Puro-Sangue).
Embora não seja exatamente inovador na fórmula, o filme sabe explorar aquilo que tem de melhor, a própria história e a capacidade de seus atores. Encabeçado por Hugh Jackman (Logan), em uma atuação bastante entregue e atenta às sutilezas, o elenco ainda conta com Allison Janney (Eu, Tonya) como a impaciente Gluckin e a jovem Geraldine Viswanathan (Não Vai Dar) como a jornalista júnior Rachel Bhargava. Em pequenas participações, Ray Romano (Paddleton), Annaleigh Ashford (Um Dia de Chuva em Nova York) e Jeremy Shamos (Birdman) também têm os seus momentos.
O longa trabalha muito bem com os detalhes. Finley preocupa-se com a definição do ambiente, explorando a pequena cidade de Roslyn em sua arquitetura e casas de luxo, assim como o enorme complexo escolar. O diretor também faz questão de apresentar as relações de maneira sutil, fala da união entre Tassone e Gluckin e determina as diferenças entre os dois na apresentação de Bhargava, sua terceira personagem-chave: a estudante que escrevia para o jornal da escola e começa a investigação.
É no jogo entre a prepotência, dissimulação e empenho dos três personagens que Má Educação apresenta o seu melhor, principalmente quando interagem entre si. Os embates e as nuances de cada um deles determinam aquilo que está por vir, o caminho que ultrapassa a primeira descoberta, chega onde se espera e encontra um novo motivo de indefinição, agora na personalidade de seu protagonista. O longa não tem a intenção de definir entre sociopatia ou egolatria, mas dá motivo para ambas suspeitas ao expor situações específicas e ressaltar a capacidade de manipulação, pela simpatia ou por pressão.
Há um controle no modo como a trama se constrói, ainda que não inove na linearidade, definição das viradas e na própria cadência do longa. Os pontos de tensão, marcadas por canções, como “Blue Christmas” com Elvis Presley, também não são muitos originais. Porém, há esforços louváveis, como a trilha elegante, persistente e bem colocada e a maneira como ele consegue encerrar sua narrativa circularmente, mantendo as incertezas criadas.
Má Educação demonstra que boas histórias não precisam de tanto malabarismo para prenderem quem as assiste. Com comedimento, um bom roteiro e ótimos atores, tudo dá certo. Peca em alguns personagens satélites que recebem pouca atenção ou são enfiados na trama sem que sejam tão necessários, na facilidade de depoimentos e na opção por tantas informações nas cartelas finais. Mas vale a pena ser visto.
Um Grande Momento:
Confrontando Pam.
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