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Marcas de uma Paixão

(Siesta , EUA, 1987)

Ação/Suspense

Direção: Mary Lambert
Elenco: Ellen Barkin, Gabriel Byrne, Julian Sands, Isabella Rossellini, Martin Sheen, Grace Jones, Jodie Foster, Gary Cady, Graham Fletcher-Cook, Susanna Bequer, Alexei Sayle
Roteiro: Patrice Chaplin (romance), Patricia Louisianna Knop
Duração: 93 min.
Minha nota: 4/10

Marcas de uma Paixão é um filme estranho. Baseado no suspense e com alguns toques de romance, vai e volta no tempo e traz um emaranhado de personagens esquisitos e situações extremas para contar a história de Claire, uma mulher apaixonada que resolve largar tudo e partir atrás de um antigo amor ao ficar sabendo que ele está prestes a se casar.

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Ela acorda na beira de uma pista de pouso na Espanha, seu vestido está ensanguentado. Ela não se lembra de como chegou até ali e nem o que aconteceu nos últimos três dias de sua vida. Há sangue em seu vestido e uma impressão de assassinato, mas nada que se confirme de pronto. A personagem e o público descobrem, de maneira muito fragmentada, o que aconteceu com o passar do filme.

O elenco de nomes conhecidos, que reune Ellen Barkin (Vítimas de uma Paixão), Gabriel Byrne (Os Suspeitos), Julian Sands (Encaixotando Helena), Isabella Rossellini (Veludo Azul), Martin Sheen (Apocalypse Now), Jodie Foster (O Silêncio dos Inocentes) e Grace Jones (Vamp – A Noite dos Vampiros), não resiste ao exagero nas interpretações, que parecem ser mais importantes pela composição visual e estética do que propriamente pelo conteúdo, compromete o resultado final e não se justifica.

Desde os primeiros momentos, nota-se que o principal objetivo da diretora Mary Lambert (Cemitério Maldito), famosa pelos videoclipes que dirige, entre eles o controverso ‘Like a Prayer’, de Madonna, é atingir a perfeição visual. Variando entre o vermelho, o preto e o branco, ela, junto com seu diretor de fotografia, Bryan Loftus (A Companhia dos Lobos), está sempre buscando o enquadramento perfeito, a cena mais bela e a composição visual mais surpreendente. O que pode parecer interessante num primeiro momento, cansa com o passar do tempo e diminui a força da trama. Como se o conteúdo fosse muito menos importante do que a forma.

Filmando na bela Espanha (que não resiste a certos estereótipos de filmes estadunidenses em terras estrangeiras), são muitos os momentos em que os diálogos restam insignificantes perante o cenário. Algumas cenas são gratuitas, como a da lavagem do vestido logo nos primeiros momentos do filme ou o ônibus turístico, perto do fim, e outras, incompreensíveis, como quase todas aquelas em que Julian Sands está presente.

Soluções fáceis e momentos desconexos vão criando a atmosfera nonsense do longa que, não só pela presença de Isabella Rossellini, lembra um realizador da atualidade, Guy Maddin (A Música Mais Triste do Mundo), mas ficando aquém da filmografia do diretor canadense.

Entre exageros e loucuras, interações bizarras entre música e dança, e uma narrativa não linear cansativa, Marcas de uma Paixão acaba tão perdido dentro de si mesmo que nem mesmo sua reviravolta consegue causar o efeito desejado.

Visualmente belo e mal estruturado, é um exemplo de que escolher o filme pelo elenco pode não ser uma boa ideia. Ainda assim, quem gosta de experiências estranhas pode gostar do resultado final.

Um Médio Momento

A reviravolta.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Troféu Framboesa: Pior Atriz Coadjuvante (Isabella Rossellini e Grace Jones)

Links

IMDb
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=A3YMbqD1f_w[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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